Na quinta-feira (30), o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, fez duras críticas sobre a posição do governo brasileiro em relação à guerra provocada pela Rússia ao invadir a Ucrânia.
“Não entendo, não entendo”, falou Zelensky em entrevista a jornalistas latino-americanos em Kiev. “Diga: ‘Por acaso, presidente Lula, por acaso não quer ter essa aliança? Por acaso o Brasil está mais alinhado com a Rússia do que com a Ucrânia?’ A Rússia nos atacou. O Brasil tem de estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor, em nome do resto do mundo. Uma amizade com alguém que tem uma ideologia e uma visão fascistas não pode trazer benefícios”.
O presidente ucraniano fez diversos questionamentos e críticas ao governo Lula, deixando claro que considerava a Rússia a agressora por invadir o território ucraniano.
“O Brasil deve estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor [a Rússia]… por que temos de voltar a repetir estas coisas? Pela memória histórica, por temas econômicos? A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa”, disse Zelenski, conforme O Globo.
Segundo informações do jornal, em Kiev, há um consenso entre funcionários e diplomatas ucranianos de que o governo Lula está alinhado com a Rússia. Esse entendimento foi reforçado por uma declaração conjunta entre Brasil e China sobre a guerra. Assessores de Zelenski também afirmam nos bastidores estar cientes de que o presidente brasileiro não participará da reunião convocada pela Suíça em junho para discutir o conflito.
Cerca de 160 países foram convidados para o evento, programado para os próximos dias 15 e 16 em Lucerna. Segundo Zelenski, entre os cerca de 80 líderes que já tinham confirmado presença, estariam os presidentes argentino, Javier Milei, e chileno, Gabriel Boric.
“Por quê? Se somos nós os atacados? Por que o Brasil e a China pensam primeiro nos russos e depois em nós? Como podem dar vantagem aos países que atentam contra outros e priorizar essa aliança com o verdadeiro agressor?”, disse Zelenski.
“A Rússia hoje é um país terrorista. […] Quem pode apoia com armas, e quem não, com suas vozes. Suas vozes são suas armas, precisamos delas para dar um fim à guerra”, insistiu.
No ano passado, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, fez uma visita a Moscou, na Rússia, no início de abril, após um pedido de Lula.