Por Jesús de León, Epoch Times
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, iniciou nesta quinta-feira uma turnê pela América Latina com o duplo objetivo de aumentar a pressão sobre o ditador venezuelano Nicolás Maduro e fortalecer sua aliança com outros países a fim de enfrentar os governos de Cuba e Nicarágua.
“A visita do secretário reforçará os compromissos compartilhados com a democracia e os direitos humanos, destacará o aumento das oportunidades de prosperidade e segurança para nossos cidadãos e obterá apoio para a democracia na Venezuela”, disse o Departamento de Estado em um comunicado.
A viagem do chefe da diplomacia americana ocorre em um momento de grande importância na grave crise enfrentada pela Venezuela, onde coexistem o regime ditatorial de Nicolás Maduro e o democrático do presidente Juan Guaidó, reconhecido como tal por, entre outros, os Estados Unidos, dezenove países da União Europeia, incluindo a Espanha, e a maioria dos países do Hemisfério Ocidental, incluindo os onze latino-americanos do chamado Grupo de Lima.
Em declarações à imprensa, um membro de alto escalão do Departamento de Estado considerou que a América Latina está passando por um “momento crítico” em relação à Venezuela, Nicarágua e Cuba, três países onde os Estados Unidos querem promover “o retorno à democracia” e os quais ele chamou de “troika da tirania”.
Em sua turnê, que termina na próxima segunda-feira, Pompeo planeja visitar o Chile, o Paraguai, o Peru e a cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela e onde os Estados Unidos mantêm armazéns com alimentos e suprimentos médicos para refugiados e migrantes venezuelanos.
Em Cúcuta, o ministro das Relações Exteriores visitará esses armazéns e se reunirá com algumas das organizações que ajudam os venezuelanos a deixar o país, explicou o funcionário mencionado.
A mesma fonte não descartou a possibilidade de que Pompeo irá aproveitar sua “breve parada” em Cúcuta, prevista para o dia 14, para se encontrar com um dos representantes de Guaidó, que assumiu o cargo de presidente encarregado da Venezuela em janeiro e conquistou o apoio de 54 nações, dentre elas dos Estados Unidos.
No entanto, esse funcionário explicou que o objetivo “principal” da visita a Cúcuta é “chamar a atenção para o que está acontecendo” naquela localidade, um dos principais pontos de saída dos refugiados e migrantes venezuelanos.
Segundo dados publicados em fevereiro pela ONU, atualmente existem 3,4 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos no mundo, dos quais 2,7 milhões estão na América Latina.
A agenda oficial de Pompeo começou hoje (12), com uma reunião com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, e o ministro das Relações Exteriores, Roberto Ampuero, com quem discutirá iniciativas para intensificar a “forte relação econômica bilateral” e melhorar a cooperação em questões de ciência e tecnologia.
O Chile é um líder regional com uma economia aberta, fortes instituições democráticas e um sólido estado de direito, o que o torna um dos países mais prósperos da região.
As reuniões no Chile têm como objetivo destacar a liderança regional do país, e os fortes laços econômicos bilaterais, as associações bilaterais em ciência e tecnologia e a cooperação em questões de segurança, inclusive em assuntos relacionados à cibernética.
Essa visita a Santiago do Chile ocorrerá apenas três dias antes de uma reunião, na mesma cidade, entre chanceleres do Grupo de Lima para abordar a crise venezuelana.
Depois do Chile, Pompeo viajará ao Paraguai, na que será a primeira visita de um secretário de Estado dos Estados Unidos desde 1965.
“O Paraguai e os Estados Unidos compartilham uma profunda aliança e cooperam para combater o crime transnacional e o financiamento do terrorismo na Tríplice Fronteira”, compartilhada por Argentina, Paraguai e Brasil, informou o Departamento de Estado.
No Paraguai, Pompeo vai abordar, junto com o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, e seu homólogo do país, Luis Castiglioni, a luta contra a corrupção e as relações com Taiwan, que tem no Paraguai seu único aliado na América do Sul e é parceira estratégica de Washington.
A questão da Venezuela também estará na mesa porque o Paraguai decidiu romper relações diplomáticas com o país e fechar sua embaixada pouco depois de Maduro ser reinvestido como presidente em 10 de janeiro, resultado de eleições questionadas pela comunidade internacional.
Nesse mesmo dia, Pompeo também falará sobre a Venezuela com o presidente do Peru, Martín Vizcarra, e com o ministro das Relações Exteriores do Peru, Néstor Popolizio.
Em particular, os três líderes falarão sobre o apoio do Peru aos refugiados venezuelanos, sua liderança no Grupo de Lima e outras questões bilaterais, como a luta contra o narcotráfico, a mineração ilegal e o tráfico de pessoas.
Pompeo terminará sua viagem ao Peru com um jantar com os líderes empresariais dos Estados Unidos naquele país.
O governo de Donald Trump foi o primeiro a reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro e, desde então, tomou várias medidas para pressionar Maduro, incluindo sanções contra a empresa Petróleos de Venezuela (Pdvsa), principal fonte de divisas para Caracas.
Maduro representa uma “ameaça real”
O secretário de Estado, Mike Pompeo, afirmou esta semana que Nicolás Maduro representa uma “ameaça real” à segurança dos Estados Unidos, devido às suas alianças com Irã, Cuba e Rússia.
“Eu não acho que existe qualquer dúvida de que o regime de Maduro representa uma ameaça à segurança dos Estados Unidos”, disse Pompeo em uma audiência perante um comitê do Senado.
Com informações da Agência EFE