Por Agência EFE
Após o referendo da última sexta-feira (25) no qual a Irlanda optou por legalizar o aborto, a Polônia ficou ainda mais em evidência na União Europeia pela restrição a abortar.
Entre os eleitores do referendo irlandês, 66% votaram a favor da legalização do aborto, confirmando assim a perda de influência católica no país. Já o governo polonês, liderado pelo partido conservador Lei e Justiça, estuda endurecer ainda mais a legislação nacional sobre o tema.
“Gostaríamos que a Polônia seguisse o exemplo da Irlanda, mas enquanto o país for governado pelo Lei e Justiça, isso parece muito distante”, afirmou à Agência Efe a advogada e ativista pró-aborto Karolina Wiekiewicz.
Na Polônia, o processo de secularização vivido no Velho Continente ocorre com menor intensidade, e a Igreja Católica está muito presente na vida diária e na política, especialmente após a vitória por maioria absoluta do partido Lei e Justiça nas eleições de 2015.
A legenda, que se define como guardiã dos valores católicos, propôs mudar a legislação para restringir os casos em que atualmente a interrupção da gravidez é permitida, seguindo uma iniciativa popular que coletou cerca de um milhão de assinaturas.
O objetivo desta proposta, que é analisada agora por uma comissão parlamentar, é proibir o aborto eugenésico, ligado à má-formação ou a doenças no feto.
“O elevado número de assinaturas e o apoio popular que conseguimos reunir evidenciam que a sociedade polonesa é contrária ao aborto”, afirmou à Efe a diretora da organização pró-vida Fundação da Vida e Família, Kaja Godek.
As leis polonesas só permitem o aborto em três casos: estupro ou incesto, quando houver risco para a saúde da mãe ou quando o feto tiver deformações ou doenças.
Os ativistas pró-vida querem eliminar esta última exceção e lembram que os casos de deformações no feto são a razão de 96% de todos os abortos legais realizados na Polônia.
Uma recente pesquisa do instituto IBiR revelou que 56% dos poloneses acreditam que a legislação sobre o aborto não deveria ser modificada, e 9% são favoráveis ao endurecimento.
Em meio a este debate, o líder do Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, defendeu meses atrás a necessidade de impedir o aborto nos casos de grave má-formação do feto, inclusive quando se sabe que o bebê morrerá ao nascer, “de forma que a criança possa ser batizada, enterrada e ter um nome”, afirmou.