Por Reuters
VARSÓVIA – A Polônia deve excluir a Huawei de sua futura rede 5G em favor de fabricantes europeus após a prisão de um funcionário da empresa chinesa de telecomunicações por suspeita de espionagem, conforme autoridades e fontes da indústria.
Autoridades do governo polonês estão conversando com aliados da União Europeia e da América do Norte sobre os próximos passos, mas não determinaram qual fabricante de equipamentos de telecomunicações deve substituir a Huawei, disseram as fontes.
“Prender um espião significa o fim da discussão”, disse um funcionário do governo, que falou sob condição de anonimato. “Eu acho que os chineses não estarão presentes no 5G na Polônia”.
A finlandesa Nokia e a empresa sueca de telecomunicações Ericsson são os dois principais concorrentes europeus que poderiam fornecer equipamentos de telecomunicação 5G para a Polônia, a maior economia do leste europeu.
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, também sugeriu que a Huawei seria excluída.
“Estou definitivamente mais perto de cooperar com empresas europeias ou com as dos Estados Unidos do que com produtores da Ásia”, disse Duda em entrevista ao site polonês money.pl.
A Polônia anunciou há duas semanas que havia prendido um executivo chinês da Huawei e um ex-oficial de segurança polonês por alegações de espionagem. A Huawei demitiu o homem, que negou irregularidades.
O advogado do polonês também disse à Reuters que seu cliente não é culpado nem espião.
Autoridades da Huawei se reuniram com o governo polonês nesta semana para tratar de questões de segurança.
“Estamos trabalhando com o governo e parceiros na Polônia para convencer as autoridades que, longe de representar uma ameaça às redes no país, nossa tecnologia ajudará a melhorar a conectividade”, disse a Huawei em um comunicado.
A Huawei está desempenhando um papel de liderança enquanto o mundo das telecomunicações se prepara para a 5G, a próxima geração de tecnologia sem fio que promete conectar tudo, de veículos a dispositivos domésticos, a velocidades muito maiores.
Mas alguns países ocidentais proibiram a Huawei depois que autoridades dos Estados Unidos informaram que a Huawei está à disposição do regime comunista chinês, alertando que seus equipamentos de rede podem conter “portas dos fundos (backdoors) que poderiam levá-los à espionagem cibernética.
Dois dos maiores testes em andamento da 5G na Polônia – operados pela Orange e pela T-Mobile – são baseados na tecnologia da Huawei, mas parece provável que isso mude.
T-Mobile, Orange, Nokia e Ericsson se recusaram a comentar.
No ano passado, a operadora de telecomunicações estatal da Polônia, a Exatel, sugeriu a construção de um consórcio estatal, dizendo que seria mais barato montar a própria rede e que o estado ganharia mais desta maneira.
Fontes da indústria de telecomunicações confirmaram que essa opção está agora sendo considerada mais seriamente. A decisão segue a prisão da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, no Canadá, em 1º de dezembro, a pedido dos Estados Unidos, por supostas violações das sanções dos Estados Unidos ao Irã.
“A alternativa da Polônia (para a Huawei) é construir uma empresa estatal (ou consórcio) que mantenha a conectividade 5G e, usando algum tipo de consórcio, escolha parceiros”, disse Tomasz Siemoniak, ex-ministro da Defesa e atual membro do parlamento.
De Joanna Plucinska e Anna Koper