Político israelense diz que Obama deve devolver Prêmio Nobel da Paz

21/12/2017 00:30 Atualizado: 21/12/2017 00:30

Um proeminente político israelense diz que o ex-presidente estadunidense Barack Obama deve devolver seu Prêmio Nobel da Paz se forem verdadeiros os relatos de que sua gestão bloqueou uma investigação sobre o envolvimento do grupo terrorista Hezbollah no tráfico de drogas.

A mídia Politico informou em 15 de dezembro que a gestão Obama bloqueou uma investigação de longa data da Agência de Controle de Drogas (DEA) sobre o suposto tráfico de drogas e armas, bem como lavagem de dinheiro e outras atividades criminosas, envolvendo o Hezbollah.

Os investigadores da DEA reuniram provas de que o grupo terrorista apoiado pelo Irã havia enviado “cargas de várias toneladas de cocaína” aos Estados Unidos, de acordo com a reportagem.

O Hezbollah teria lucrado centenas de milhões de dólares com a operação, os quais, por sua vez, foram usados para financiar suas operações terroristas. O Hezbollah está oficialmente na lista de organizações terroristas estrangeiras do Departamento de Estado dos EUA.

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Em várias ocasiões, o Hezbollah realizou ataques de foguetes contra Israel nas últimas duas décadas.

De acordo com a reportagem do Politico, a gestão Obama “impôs uma série crescente e insuperável de obstáculos” no progresso das investigações, enquanto buscava um acordo nuclear com o Irã em 2015.

“Esta foi uma decisão política, foi uma decisão sistemática”, disse David Asher, que ajudou a estabelecer e supervisionar a investigação, ao Politico.

“Obama deve devolver seu Prêmio Nobel da Paz”, se a reportagem do Politico estiver correta, disse Yair Lapid, um parlamentar israelense e líder do partido de centro-direita Yesh Atid, de acordo com o Jerusalem Post.

Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2009, após estar no cargo por menos de nove meses.

“Israel advertiu repetidamente que não pode haver conexão entre o acordo nuclear e a atividade antiterrorista, certamente contra o Hezbollah… Também advertimos sobre isso especificamente, por causa do elo comprovado entre o Hezbollah e o Irã”, disse Atid.

Obama, Israel, Hezbollah, Irã, acordo nuclear - Yair Lapid, um parlamentar israelense e líder do partido de centro-direita Yesh Atid, fala durante uma conferência de imprensa em Jerusalém em 12 de dezembro de 2016 (Thomas Coex/AFP/Getty Images)
Yair Lapid, um parlamentar israelense e líder do partido de centro-direita Yesh Atid, fala durante uma conferência de imprensa em Jerusalém em 12 de dezembro de 2016 (Thomas Coex/AFP/Getty Images)

Israel tem sido um crítico há tempos do acordo nuclear iraniano, oficialmente chamado de Plano Global de Ação Conjunta, que foi alcançado entre os Estados Unidos, o Irã e outras potências mundiais em 2015.

Os críticos apontaram que o acordo, de fato, garante que o Irã será capaz de desenvolver uma arma nuclear até 2026. Nesse ponto, as principais limitações ao enriquecimento do urânio devem ser levantadas, permitindo que o regime iraniano instale e opere milhares de centrífugas avançadas de enriquecimento de urânio. De acordo com especialistas, uma arma nuclear poderia então ser desenvolvida dentro de seis meses.

Como o desenvolvimento iraniano de tecnologia avançada de mísseis e de mísseis balísticos não é abrangido pelo acordo nuclear, o Irã pode continuar essas atividades.

Obama, Israel, Hezbollah, Irã, acordo nuclear - Soldados israelenses carregam o caixão de Amir Menashe, que foi morto num ataque na Bulgária, durante uma cerimônia no Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, Israel, em 20 de julho de 2012. Israel culpou o Hezbollah, que é apoiado pelo Irã, pelo ataque terrorista que matou oito turistas israelenses (Uriel Sinai/Getty Images)
Soldados israelenses carregam o caixão de Amir Menashe, que foi morto num ataque na Bulgária, durante uma cerimônia no Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, Israel, em 20 de julho de 2012. Israel culpou o Hezbollah, que é apoiado pelo Irã, pelo ataque terrorista que matou oito turistas israelenses (Uriel Sinai/Getty Images)

Em outubro, a gestão Trump disse que renegociaria essas partes do acordo nuclear. Se isso não funcionar, o presidente estadunidense Donald Trump disse que terminará o acordo e negociará outro.

“Até a gestão Obama, cada presidente americano lutou contra o terrorismo de forma intransigente”, escreveu Tzachi Hanegbi, o ministro israelense da cooperação regional, no Facebook. “Estou convencido de que a gestão Trump não se afastará dessa tradição e que a política ultrajante e errônea que foi revelada esta semana não será repetida.”

Obama, Israel, Hezbollah, Irã, acordo nuclear - Michael Oren, o então embaixador israelense nos EUA, em Washington, D.C., em 8 de novembro de 2009 (Nicholas Kamm/AFP/Getty Images)
Michael Oren, o então embaixador israelense nos EUA, em Washington, D.C., em 8 de novembro de 2009 (Nicholas Kamm/AFP/Getty Images)

Michael Oren, o ex-embaixador israelense na ONU e que atualmente serve como vice-ministro no gabinete do primeiro-ministro, disse que a gestão Obama estava disposta a fazer qualquer coisa para chegar a um acordo com o Irã.

“Estava claro que o governo estava disposto a fazer qualquer coisa para chegar a um acordo, incluindo ignorar o terror iraniano que tirou a vida de centenas de americanos e israelenses e centenas de milhares de sírios”, disse Oren ao Jerusalem Post. “Esta exposição e outras que possam ser publicadas no futuro devem fortalecer nossa determinação de cancelar ou, pelo menos, alterar significativamente esse perigoso acordo.”