A Polícia Nacional venezuelana, sob o comando do ditador Nicolás Maduro, prendeu uma conhecida jornalista e seu filho neste domingo (25), em Caracas. Carmela Longo teve o apartamento invadido e equipamentos de informática confiscados por agentes.
O filho da jornalista foi liberado após ser interrogado. Longo é acusada de “instigação ao ódio” e “terrorismo”. Ela deve ser apresentada nesta terça-feira (27) ao Tribunal Terceiro de Controle, que tem competência para casos de terrorismo.
As informações foram divulgadas pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa venezuelano (SNTP) e pela organização de direitos humanos Espacio Publico em seus perfis na plataforma X.
Dias antes da prisão, que ocorreu em meio à crise sobre a fraude das eleições presidenciais no país, a jornalista havia anunciado em sua conta no Instagram que se desligou do jornal Últimas Notícias, sob domínio da ditadura bolivariana, após 20 anos de trabalho. Longo cobria a editoria de entretenimento e celebridades.
O SNTP afirmou que dezenas de funcionários da mídia estatal foram demitidos por postar a favor da oposição em plataformas de redes sociais desde a eleição.
Maduro acusa seus rivais de usar as redes para lançar “campanhas de ódio” e chegou a ordenar o bloqueio da plataforma X por 10 dias.
Segundo o sindicato, ao menos outros oito repórteres foram presos na Venezuela no último mês. A polícia de Maduro não emitiu uma declaração oficial sobre a mais recente prisão. Longo e o filho foram levados por agentes vestidos de preto em uma van, conforme relatos do sindicato e do Espacio Publico e vídeos publicados no X.
De acordo com a ONG de direitos humanos Foro Penal, atualmente a Venezuela tem 1.674 presos políticos, o maior número neste século. A contagem não inclui aqueles que foram libertados ou as pessoas detidas por 48 horas ou menos.
Relembre a crise
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sob a administração do governo bolivariano, declarou Maduro como vencedor da eleição. No entanto, o órgão não divulgou dados para comprovar essa conclusão.
A oposição, liderada por María Corina Machado, reivindicou a vitória do ex-diplomata Edmundo González, com base na divulgação de atas das seções eleitorais. Os documentos mostram que o opositor à ditadura comunista venceu o pleito com 67% dos votos.