A Polícia Nacional da Nicarágua impediu na terça-feira(20) a celebração nas ruas das festividades de São Jerônimo, que ocorrem todos os anos na cidade de Masaya e que são as mais longas do país, já que duram de setembro a dezembro.
Centenas de agentes, incluindo membros de operações especiais e da polícia antidistúrbios, foram colocados em torno da paróquia de São Jerônimo, em Masaya, para o cumprimento da proibição das festividades estabelecida pela Polícia Nacional e anunciada pela Arquidiocese de Manágua no sábado passado.
A proibição policial e as atividades em homenagem a São Jerônimo surgem no contexto de novos atritos entre a Igreja Católica e o regime presidido pelo sandinista Daniel Ortega, que tem uma história de confrontos com a instituição religiosa.
A ordem afeta Masaya, localizada a 28 quilômetros de Manágua, um antigo reduto sandinista que se revoltou contra o regime de Ortega em abril de 2018, no contexto de manifestações antigovernamentais que eclodiram por causa de reformas controversas da seguridade social, que mais tarde se transformaram em cobranças de renúncia do presidente por ter respondido com força.
Ambiente tenso
Apesar da atmosfera tensa criada pela presença policial em torno da paróquia, centenas de paroquianos se reuniram na igreja para testemunhar a tradicional “descida do santo”, que consiste em tirar a imagem de São Jerônimo do altar e vesti-lo, literalmente, para a festa.
Os católicos, que não puderam celebrar em toda a cidade, conhecida como o “Berço do Folclore”, mostraram o seu fervor dentro da igreja cheia ao ritmo da música filarmônica e de gritos de “Viva São Jerônimo!”, “Viva o médico que cura sem medicamentos!”, “Viva o rei da montanha!”, “Viva os padres!”.
Uma situação semelhante foi vivida no dia anterior, também na cidade de Masaya, com a imagem de São Miguel Arcanjo, na paróquia de mesmo nome, que serviu de refúgio para os manifestantes feridos durante os ataques da polícia em 2018.
Tanto o vigário episcopal da pastoral da arquidiocese de Manágua, Boanerges Carballo, como o pároco da igreja, José Antonio Espinoza, agradeceram aos fiéis pela “paciência, esperança e entusiasmo”.
Clero respeitará
O clero também insistiu em respeitar as ordens das autoridades para não retirar a imagem de São Jerônimo da paróquia. Apesar disso, centenas de fiéis foram à igreja à medida que as horas passavam.
Em homilia em que afirmou que “é fácil fazer a vontade de Deus quando tudo é belo”, mas não tão fácil “quando tudo é obscuro”, Carballo insistiu que apenas “aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” podem ser considerados irmãos na fé.
O vigário assegurou que o cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo da Arquidiocese de Manágua, pediu aos católicos de Masaya que, dada a impossibilidade de retirar São Jerônimo da igreja, cada um “se torne um altar de peregrinos para que nos sintamos irmãos na alegria e na dor”.
Pelo menos oito clérigos foram presos neste ano na Nicarágua, entre eles o bispo da diocese de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí, Rolando Álvarez.
Neste ano, a Igreja Católica na Nicarágua também sofreu o fechamento de pelo menos nove estações de rádio e três canais de televisão, a expulsão do país do núncio apostólico Waldemar Stanislaw Sommertag, além da expulsão de 18 freiras da ordem Missionárias da Caridade, fundada pela Madre Teresa de Calcutá.
Além disso, as missas e outras atividades religiosas no departamento (província) de Matagalpa foram impedidas.
As relações entre os sandinistas e a Igreja Católica na Nicarágua têm sido marcadas pelo atrito e desconfiança nos últimos 43 anos. A comunidade católica representa 58,5% dos 6,6 milhões de habitantes da Nicarágua, de acordo com o último censo nacional.
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