A Assembleia Geral da ONU realizou nesta quinta-feira uma homenagem controversa a Ebrahim Raisi, o líder iraniano morto em 19 de maio em um acidente de helicóptero no norte do Irã, ato que colocou em evidência as divisões entre os países ocidentais e o chamado “sul global”.
Fora da sede da ONU na cidade de Nova Iorque, um grupo de cerca de 50 ativistas da oposição iraniana se reuniu nesta manhã com cartazes que diziam: “Que vergonha para a ONU, homenageando Raisi, o açougueiro de Teerã” e culpando-o pela morte de 30 mil prisioneiros políticos.
A homenagem foi realizada no grande salão da Assembleia Geral, que hoje tinha muitos assentos vazios, com uma enorme foto do ex-líder pendurada atrás da tribuna dos oradores.
Os Estados Unidos se ausentaram da homenagem – uma fonte anônima disse a uma agência de notícias que o gesto foi uma forma de se desassociar – enquanto Israel, por meio de seu embaixador, Gilad Erdan, criticou fortemente o ato nos últimos dias, até mesmo as mensagens de condolências enviadas pelo secretário-geral, António Guterres.
Guterres fez um discurso muito comedido no tributo desta quinta-feira, no qual disse que Raisi “liderou o Irã em um momento muito complexo para o país, a região e o mundo”, e depois acrescentou que as Nações Unidas estão “em solidariedade com o povo iraniano em seu anseio por paz, desenvolvimento e liberdades fundamentais”, um aceno à oposição no país.
Depois de Guterres, vários grupos de países do “sul global” fizeram uso da palavra, elogiando o trabalho de Raisi com diferentes graus de ênfase, incluindo oradores em nome de países africanos, muçulmanos, da Ásia-Pacífico, da América Latina e do Caribe.
Nenhum país europeu – sozinho ou em grupo – usou a palavra para homenagear Raisi, assim como os Estados Unidos e o Canadá.