O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs nesta terça-feira, no âmbito da Cúpula dos Países Amazônicos, a criação de um tribunal ambiental internacional para julgar atos ilegais na região e uma espécie de “OTAN amazônica” para defendê-la “com armas”.
“Se o motor da Amazônia está cada vez mais ilegal e representa um crime contra a humanidade, como defender a vida? Com razões, mas também com armas”, sugeriu Petro em seu discurso na quarta cúpula presidencial da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que acontece hoje e amanhã na cidade de Belém.
Petro indicou que este tribunal ambiental serviria para “julgar os crimes” contra a maior floresta tropical do planeta, “reconhecendo os direitos” do bioma.
Nesse sentido, lembrou que ouviu do ex-presidente equatoriano Rafael Correa (2007-2017) essa ideia de estabelecer um “tribunal de justiça ambiental” em nível global, mas o que propõe é limitá-lo aos países amazônicos.
Além disso, defendeu a assinatura de um “tratado militar” na região amazônica com a formação de um bloco semelhante à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e assim enfrentar os “crimes” que ocorrem no território.
O presidente colombiano também reivindicou o fomento de um “centro comum de pesquisas científicas” no qual cientistas dos oito países da OTCA pesquisem a floresta tropical.
Da mesma forma, Petro mais uma vez levantou a bandeira contra o uso de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, com críticas veladas a governantes progressistas que defendem esse tipo de projeto, inclusive na Amazônia.
“Sem a selva amazônica iremos para os Estados Unidos em êxodo porque o que os povos vão fazer sem água? Eles vão embora, é lógico”, disse.
“É possível manter uma linha política desse nível? Apostar na morte e destruir a vida? Ou devemos propor algo diferente, que é o que chamo de sociedade descarbonizada?”, questionou.
Em sua opinião, “se a floresta produzir petróleo”, os governos da região “estarão matando a humanidade” porque o ecossistema deixará de ser uma “esponja” de dióxido de carbono.
Nesse contexto, alertou que hoje “não basta mais” atingir a meta de “desmatamento zero” para absorver todas as emissões que são lançadas na atmosfera.
“A solução é deixar o petróleo, o carvão e o gás”, reiterou.
Este é o quarto encontro de líderes da OTCA, criada em 1995 e integrada pelos oito países amazônicos (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), e o primeiro desde 2009.
Edição: Renato Pernambucano
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