O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, responsabilizou nesta quinta-feira (17) o Ministério Público do país por deixar que fugissem para o Brasil pessoas envolvidas em um caso de corrupção relacionado à Odebrecht, na construção da rodovia Ruta del Sol II.
“Não foi porque eles fugiram a tempo, foi porque o próprio Ministério Público permitiu que eles fossem embora, e sabendo que, se fossem para o Brasil, não haveria acordos de colaboração que eram necessários na época”, disse o presidente colombiano durante o primeiro Congresso Internacional sobre a Luta contra a Corrupção e a Recuperação de seus Ativos, em Bogotá.
“Depois disso, eles não eram mais extraditáveis, podiam facilmente evitar pagar as exigências do sistema judiciário colombiano e, acima de tudo, não precisavam falar”, acrescentou.
As declarações de Petro foram dadas em um momento em que o caso foi reavivado depois que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) acusou o conglomerado bancário Grupo Aval “de violar a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA)”.
O conglomerado, de propriedade de Luis Carlos Sarmiento Angulo, um dos homens mais ricos da Colômbia, é o acionista majoritário da Corficolombiana, uma empresa ligada a propinas pagas pela Odebrecht para conseguir o contrato de construção da Ruta del Sol II.
Por esse motivo, o Grupo Aval concordou em pagar US$ 40 milhões para liquidar as acusações, enquanto a Corficolombiana assinou um acordo de “processo diferido” pelo qual pagará US$ 20 milhões.
Novas Acusações
O Ministério Público colombiano anunciou nesta quinta-feira que acusará mais de 50 pessoas, incluindo 33 funcionários e ex-funcionários da Agência Nacional de Infraestrutura (ANI) e o empresário brasileiro Marcelo Odebrecht por supostas irregularidades no contrato da rodovia.
De acordo com a promotoria, os funcionários e ex-funcionários da ANI “intervieram na assinatura de seis adendos à concessão da Ruta del Sol II SAS que teriam favorecido a empreiteira”.
Esses adendos teriam gerado um “impacto negativo”, devido ao não recolhimento de multas, descontos e outras irregularidades, avaliados em mais de 160 bilhões de pesos (US$ 38 milhões no câmbio atual).
Entre essa segunda rodada de acusações, que será pelos crimes de conspiração criminosa e lavagem de dinheiro, estão Marcelo Odebrecht, que foi presidente do conglomerado entre 2008 e 2015; o presidente da concessão da Ruta del Sol II em 2010, Eder Paolo Ferracuti, e os também brasileiros Eleuberto Martorelli, Luis Antonio Bueno Junior e Luis Batista.
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