Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Pacientes não responsivos com lesão cerebral grave podem ainda estar conscientes, apesar de não exibirem sinais de consciência à beira do leito, sugere um estudo recente.
Um paciente com lesão cerebral que estava agudamente não responsivo conseguiu controlar sua atividade mental quando foi instruído a imaginar-se jogando tênis, relataram pesquisadores de London, Ontário, em um estudo publicado em 25 de agosto na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
As descobertas podem impactar as decisões sobre o cuidado dos pacientes, afirmaram os autores, que normalmente se baseiam em respostas comportamentais subjetivas.
“Essas descobertas têm importantes implicações práticas e éticas para o padrão de cuidado e a qualidade de vida do paciente”, conclui o estudo, liderado pelos canadenses Karnig Kazazian e Androu Abdalmalak, da Western University, em London.
Os pesquisadores usaram um dispositivo para detectar o processamento consciente no cérebro. Eles testaram três pacientes gravemente feridos no cérebro, internados na UTI — um em coma, outro em estado minimamente consciente (chamado EMC) e outro em estado vegetativo — sobre sua capacidade de processar linguagem e imaginar-se realizando um movimento.
Respostas neurais
O paciente em estado minimamente consciente foi testado no 15º dia de internação na UTI. Pacientes nesse estado geralmente conseguem controlar o movimento dos olhos, alcançar objetos e reagir a estímulos desagradáveis. Os pesquisadores descobriram que o paciente podia perceber passivamente a fala. O paciente não mostrou expressão verbal ou capacidade de imaginar movimentos.
O paciente em estado vegetativo, testado no 7º dia de internação na UTI, mostrou as respostas mais robustas, escreveram os autores. Eles observaram que o paciente podia controlar sua atividade cerebral “voluntariamente” quando instruído a fazê-lo.
“Uma resposta bem-sucedida de imaginação motora reflete intenção e não ocorre na ausência de consciência, sugerindo que a verdadeira condição desse paciente era dissociação cognitivo-motora”, escreveram. A dissociação cognitivo-motora ocorre quando os pacientes estão conscientes, mas não conseguem reagir a comandos.
Os pesquisadores também descobriram que o paciente conseguia processar a fala levemente.
O paciente em coma, que foi testado no 2º dia de internação na UTI, não mostrou qualquer resposta aos testes.
A neuroimagem mostrou que de 15 a 20 por cento dos pacientes clinicamente diagnosticados como estando em estado vegetativo (também conhecido como síndrome de vigília não responsiva) estão, na verdade, conscientes, apesar de não apresentarem sinais observáveis, diz o estudo.
Método de imagem cerebral
A técnica usada pelos pesquisadores é conhecida como espectroscopia funcional no infravermelho próximo (fNIRS), um método de imagem óptica para medir a atividade neuronal que, segundo os autores, tem menos limitações do que outros métodos de imagem cerebral, como ressonância magnética funcional (fMRI) e eletroencefalograma (EEG).
“Nossos achados sugerem que o fNIRS é uma ferramenta viável para melhorar o diagnóstico e o prognóstico em pacientes com lesões cerebrais agudas na UTI”, escreveram, acrescentando que são necessários estudos com amostras maiores para compreender plenamente o potencial prognóstico do fNIRS.
Eles disseram que suas descobertas podem abrir caminho para a possibilidade de comunicação com pacientes não responsivos no futuro.