Pentágono: operações militares da China são ‘como um ensaio’ para futuras operações contra Taiwan

Ministro da defesa de Taiwan advertiu que regime chinês será capaz de invadir a ilha em 2025

06/12/2021 11:34 Atualizado: 06/12/2021 11:34

Por Frank Fang

Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, alertou no sábado que as repetidas atividades militares aéreas do regime chinês próximas a Taiwan parecem ser um “ensaio” para futuras operações militares contra a ilha autônoma.

Austin realizou o alerta no dia 4 de dezembro, enquanto falava no Reagan National Defense Forum, na Califórnia. Ele proclamou os comentários sobre Taiwan enquanto abordava os desafios gerais colocados pelo “surgimento de uma China cada vez mais imponente e autocrática”.

“É muito parecido com explorar suas verdadeiras capacidades e com certeza soa muito como um ensaio”, afirmou Austin quando questionado sobre as operações aéreas do exército chinês próximas a Taiwan.

O Partido Comunista Chinês (PCC) não reconhece a soberania de Taiwan e ameaçou guerra para colocar a ilha sob seu domínio. Em outubro, o líder chinês Xi Jinping prometeu alcançar a “reunificação” com Taiwan, qualificando a independência da ilha como um “grave perigo oculto para o rejuvenescimento nacional”.

Por mais de um ano, o regime chinês tem voado com jatos militares na zona de identificação de defesa aérea (ADIZ) do sudoeste de Taiwan em uma tentativa de intimidar a ilha à submissão. De acordo com registros de voos do Ministério da Defesa de Taiwan, o regime chinês realizou cerca de 380 surtidas no ano passado.

Esse número mais que dobrou este ano. Em 3 de dezembro, o primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, afirmou à legislatura unicameral da ilha que houve mais de 880 surtidas em 2021.

Não há indicação de que Pequim esteja diminuindo seus ataques a Taiwan. Recentemente, esses ataques ocorreram por 36 dias consecutivos, desde outubro. Em 4 de dezembro, dois caças J-16 chineses entraram na zona de identificação de defesa aérea da ilha, levando militares taiwaneses a despachar aeronaves e implantar sistemas de mísseis em resposta.

“Permanecemos firmes em nossa política de uma só China e em nossos compromissos sob a Lei de Relações de Taiwan para apoiar a capacidade da ilha em defender-se, enquanto mantemos nossa capacidade de resistir a qualquer recurso à força que coloque em risco a segurança do povo de Taiwan”, afirmou Austin.

Um helicóptero CH-47 Chinook carrega uma bandeira taiwanesa durante as celebrações do dia nacional em Taipei, no dia 10 de outubro de 2021 (Sam Yeh / AFP via Getty Images)
Um helicóptero CH-47 Chinook carrega uma bandeira taiwanesa durante as celebrações do dia nacional em Taipei, no dia 10 de outubro de 2021 (Sam Yeh / AFP via Getty Images)

Washington e Taipei não são atualmente aliados diplomáticos, mas ambos os lados possuem um forte relacionamento mediante a Lei de Relações de Taiwan. Mediante essa lei, os Estados Unidos têm fornecido a Taiwan equipamento militar para sua autodefesa.

Austin acrescentou: “Estamos fazendo muito para apoiar Taiwan agora. Vamos encontrar maneiras de fazer ainda mais”.

Apenas dois dias antes do chefe do Pentágono realizar seus comentários, o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que os Estados Unidos estão “firmemente comprometidos com Taiwan” no caso de uma invasão chinesa. Ele também alertou a China para não “precipitar uma crise” a qual traria “consequências terríveis”.

A mídia estatal chinesa, Global Times, em editorial publicado no dia 4 de dezembro, chamou as palavras de Blinken de “desequilibradas”. O artigo afirmava que qualquer tentativa de impedir a “reunificação” da China com Taiwan “nunca terá sucesso”.

Em outubro, o ministro da defesa de Taiwan advertiu que o regime chinês seria capaz de montar uma invasão da ilha autônoma, em grande escala, em 2025.

China 

A agressão da China não se limita a Taiwan. Na verdade, o regime comunista busca deslocar a liderança dos EUA em todo o mundo, advertiu Austin.

“Os líderes do Partido Comunista Chinês têm expressado cada vez mais sua insatisfação com a ordem vigente e seu objetivo de tirar os Estados Unidos de seu papel de liderança global”, afirmou Austin.

O exército chines representa um dos principais desafios que os Estados Unidos enfrentam, de acordo com Austin.

“O exército da China está a caminho de se tornar um competidor dos Estados Unidos na Ásia e, eventualmente, em todo o mundo”, declarou. “A postura nuclear da China também está mudando. O PLA [Exército de Libertação do Povo] tem avançado rapidamente em suas capacidades nucleares”,

Em seu relatório divulgado em novembro, o Pentágono afirmou que a China está a caminho de ter 700 mísseis nucleares lançáveis ​​até 2027. E estima-se que o número alcance mais de 1.000 até 2030.

A China também está avançando suas capacidades na “tríade nuclear”, de acordo com o relatório, o que inclui ICBMs baseados em terra, bombardeiros de longo alcance e submarinos de ataque nuclear.

“Os líderes chineses estão expandindo sua capacidade de projetar força e estabelecer uma rede global de bases militares”, acrescenta Austin.

Líder chinês, Xi Jinping, inspeciona uma guarda de honra militar durante sua visita oficial ao edifício estatal Union, em Pretória, na África do Sul, no dia 24 de julho de 2018 (Phill Magakoe / AFP / Getty Images)
Líder chinês, Xi Jinping, inspeciona uma guarda de honra militar durante sua visita oficial ao edifício estatal Union, em Pretória, na África do Sul, no dia 24 de julho de 2018 (Phill Magakoe / AFP / Getty Images)

O exército chinês, atualmente, possui uma base militar naval em Djibouti, localizada no Chifre da África. O país também abriga uma base militar permanente dos EUA, conhecida como Camp Lemonnier.

De acordo com o relatório do Pentágono, o regime chinês considerou vários países para instalarem bases militares ou instalações logísticas do PLA, incluindo Burma, Camboja, Tailândia, Singapura, Sri Lanka, Emirados Árabes Unidos, Quénia, Angola e Tajiquistão.

“Estamos fortalecendo nossa rede incomparável de aliados e parceiros com um compromisso compartilhado com um Indo-Pacífico próspero, uma região na qual todos os países estão livres de coerção e na qual as normas que sustentam a estabilidade e expandem a liberdade são mantidas”, afirmou Austin.

O chefe do Pentágono também garantiu aos parceiros e aliados dos EUA no Indo-Pacífico que os Estados Unidos estão comprometidos com a região.

“Em todas as conversas com nossos parceiros, ouço a mesma coisa repetidamente: um apelo para que os Estados Unidos continuem a desempenhar nosso papel estabilizador no Indo-Pacífico”, declarou Austin. “E não se engane: nós o faremos”.

Desde que se tornou secretário de Defesa em janeiro, Austin realizou três viagens ao Indo-Pacífico, visitando Japão, Coreia do Sul, Índia, Singapura, Vietnã e Filipinas.

Austin declarou que os Estados Unidos enfrentarão o desafio da China com “confiança e determinação”, não com “pânico e pessimismo”.

“A China é um desafio. É o nosso desafio em andamento”, afirmou Austin. “A China não tem 3 metros de altura”.

“Os Estados Unidos são uma potência do Pacífico. E sempre seremos.”

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