Por Frank Fang
Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, alertou no sábado que as repetidas atividades militares aéreas do regime chinês próximas a Taiwan parecem ser um “ensaio” para futuras operações militares contra a ilha autônoma.
Austin realizou o alerta no dia 4 de dezembro, enquanto falava no Reagan National Defense Forum, na Califórnia. Ele proclamou os comentários sobre Taiwan enquanto abordava os desafios gerais colocados pelo “surgimento de uma China cada vez mais imponente e autocrática”.
“É muito parecido com explorar suas verdadeiras capacidades e com certeza soa muito como um ensaio”, afirmou Austin quando questionado sobre as operações aéreas do exército chinês próximas a Taiwan.
O Partido Comunista Chinês (PCC) não reconhece a soberania de Taiwan e ameaçou guerra para colocar a ilha sob seu domínio. Em outubro, o líder chinês Xi Jinping prometeu alcançar a “reunificação” com Taiwan, qualificando a independência da ilha como um “grave perigo oculto para o rejuvenescimento nacional”.
Por mais de um ano, o regime chinês tem voado com jatos militares na zona de identificação de defesa aérea (ADIZ) do sudoeste de Taiwan em uma tentativa de intimidar a ilha à submissão. De acordo com registros de voos do Ministério da Defesa de Taiwan, o regime chinês realizou cerca de 380 surtidas no ano passado.
Esse número mais que dobrou este ano. Em 3 de dezembro, o primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, afirmou à legislatura unicameral da ilha que houve mais de 880 surtidas em 2021.
Não há indicação de que Pequim esteja diminuindo seus ataques a Taiwan. Recentemente, esses ataques ocorreram por 36 dias consecutivos, desde outubro. Em 4 de dezembro, dois caças J-16 chineses entraram na zona de identificação de defesa aérea da ilha, levando militares taiwaneses a despachar aeronaves e implantar sistemas de mísseis em resposta.
“Permanecemos firmes em nossa política de uma só China e em nossos compromissos sob a Lei de Relações de Taiwan para apoiar a capacidade da ilha em defender-se, enquanto mantemos nossa capacidade de resistir a qualquer recurso à força que coloque em risco a segurança do povo de Taiwan”, afirmou Austin.
Washington e Taipei não são atualmente aliados diplomáticos, mas ambos os lados possuem um forte relacionamento mediante a Lei de Relações de Taiwan. Mediante essa lei, os Estados Unidos têm fornecido a Taiwan equipamento militar para sua autodefesa.
Austin acrescentou: “Estamos fazendo muito para apoiar Taiwan agora. Vamos encontrar maneiras de fazer ainda mais”.
Apenas dois dias antes do chefe do Pentágono realizar seus comentários, o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que os Estados Unidos estão “firmemente comprometidos com Taiwan” no caso de uma invasão chinesa. Ele também alertou a China para não “precipitar uma crise” a qual traria “consequências terríveis”.
A mídia estatal chinesa, Global Times, em editorial publicado no dia 4 de dezembro, chamou as palavras de Blinken de “desequilibradas”. O artigo afirmava que qualquer tentativa de impedir a “reunificação” da China com Taiwan “nunca terá sucesso”.
Em outubro, o ministro da defesa de Taiwan advertiu que o regime chinês seria capaz de montar uma invasão da ilha autônoma, em grande escala, em 2025.
China
A agressão da China não se limita a Taiwan. Na verdade, o regime comunista busca deslocar a liderança dos EUA em todo o mundo, advertiu Austin.
“Os líderes do Partido Comunista Chinês têm expressado cada vez mais sua insatisfação com a ordem vigente e seu objetivo de tirar os Estados Unidos de seu papel de liderança global”, afirmou Austin.
O exército chines representa um dos principais desafios que os Estados Unidos enfrentam, de acordo com Austin.
“O exército da China está a caminho de se tornar um competidor dos Estados Unidos na Ásia e, eventualmente, em todo o mundo”, declarou. “A postura nuclear da China também está mudando. O PLA [Exército de Libertação do Povo] tem avançado rapidamente em suas capacidades nucleares”,
Em seu relatório divulgado em novembro, o Pentágono afirmou que a China está a caminho de ter 700 mísseis nucleares lançáveis até 2027. E estima-se que o número alcance mais de 1.000 até 2030.
A China também está avançando suas capacidades na “tríade nuclear”, de acordo com o relatório, o que inclui ICBMs baseados em terra, bombardeiros de longo alcance e submarinos de ataque nuclear.
“Os líderes chineses estão expandindo sua capacidade de projetar força e estabelecer uma rede global de bases militares”, acrescenta Austin.
O exército chinês, atualmente, possui uma base militar naval em Djibouti, localizada no Chifre da África. O país também abriga uma base militar permanente dos EUA, conhecida como Camp Lemonnier.
De acordo com o relatório do Pentágono, o regime chinês considerou vários países para instalarem bases militares ou instalações logísticas do PLA, incluindo Burma, Camboja, Tailândia, Singapura, Sri Lanka, Emirados Árabes Unidos, Quénia, Angola e Tajiquistão.
“Estamos fortalecendo nossa rede incomparável de aliados e parceiros com um compromisso compartilhado com um Indo-Pacífico próspero, uma região na qual todos os países estão livres de coerção e na qual as normas que sustentam a estabilidade e expandem a liberdade são mantidas”, afirmou Austin.
O chefe do Pentágono também garantiu aos parceiros e aliados dos EUA no Indo-Pacífico que os Estados Unidos estão comprometidos com a região.
“Em todas as conversas com nossos parceiros, ouço a mesma coisa repetidamente: um apelo para que os Estados Unidos continuem a desempenhar nosso papel estabilizador no Indo-Pacífico”, declarou Austin. “E não se engane: nós o faremos”.
Desde que se tornou secretário de Defesa em janeiro, Austin realizou três viagens ao Indo-Pacífico, visitando Japão, Coreia do Sul, Índia, Singapura, Vietnã e Filipinas.
Austin declarou que os Estados Unidos enfrentarão o desafio da China com “confiança e determinação”, não com “pânico e pessimismo”.
“A China é um desafio. É o nosso desafio em andamento”, afirmou Austin. “A China não tem 3 metros de altura”.
“Os Estados Unidos são uma potência do Pacífico. E sempre seremos.”
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