Pentágono esboça nova estratégia para conter ameaças cibernéticas da China e da Rússia

Novo compromisso do Departamento de Defesa de combater as ameaças cibernéticas além da guerra tradicional coincide com o aumento dos ataques por parte da China contra os EUA e seus aliados

24/09/2018 15:26 Atualizado: 24/09/2018 15:26

Por Annie Wu, Epoch Times

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos esboçou uma nova estratégia para o ciberespaço a fim de neutralizar as ameaças da China e da Rússia, enfatizando uma abordagem pró-ativa e abrangente de defesa, de acordo com um documento recentemente publicado.

O documento aborda como o Pentágono planeja combater os desafios no ciberespaço: as “campanhas persistentes” que “representam um risco estratégico de longo prazo para a nação, bem como para os nossos aliados e parceiros”. Publicado em 18 de setembro, o documento é uma resposta detalhada à Estratégia de Defesa Nacional publicada em janeiro que identificou a China e a Rússia como “o desafio central para a prosperidade e segurança dos Estados Unidos” e substitui a estratégia cibernética anterior publicada em 2015.

Esses desafios incluem ataques cibernéticos que não se enquadram no conceito tradicional de “conflito armado”, como a espionagem econômica e as ameaças à “infraestrutura crítica”, ou seja, áreas consideradas vitais para o país, como o abastecimento de água, a rede de energia e sistemas de transporte.

“A China está corroendo a superioridade militar dos Estados Unidos e a vitalidade econômica do país ao extrair sistematicamente informação sigilosa das instituições públicas e privadas,” diz o documento, salientando que a China não está ameaçando só o poder militar norte-americano, como também a propriedade intelectual que é vital para sua economia.

Para fazer frente a esses desafios, o Departamento de Defesa declarou que se dedicará à “competição diária para preservar as vantagens militares dos Estados Unidos e defender seus interesses”, o que significa que “vai interromper ou deter a atividade cibernética maliciosa em sua origem, incluindo a atividade que está abaixo do nível de conflito armado”.

Em termos militares, estar “abaixo do nível de conflito armado” é uma relação competitiva que não foi intensificada até ao ponto de um conflito armado, mas em que uma das partes irá tentar impedir a obtenção de vantagens de um concorrente ou de tomar medidas para manter um posição estratégica.

“Os Estados Unidos não podem permitir-se ficar parados: os nossos valores, a nossa competitividade econômica e nossa vantagem militar estão expostos a ameaças que estão se tornando mais perigosas a cada dia”, diz o documento. “Portanto, o Departamento de Defesa estará pronto para mobilizar o Exército, a Marinha, a Força Aérea, os Fuzileiros Navais e os fornecedores da área de defesa”.

Secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, no Pentágono em 28 de agosto de 2018 (Nicholas Kamm/AFP/Getty Images)
Secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, no Pentágono em 28 de agosto de 2018 (Nicholas Kamm/AFP/Getty Images)

O novo compromisso do Departamento de Defesa de combater as ameaças cibernéticas além da guerra tradicional coincide com o aumento dos ataques cibernéticas por parte da China contra os Estados Unidos e seus aliados para seu benefício econômico.

Em abril, a empresa de segurança FireEye descobriu que hackers chineses apoiados pelo regime haviam aumentado os ataques às empresas norte-americanas para obter informações relacionadas a licitações, contratos e aquisições, o que permitiu que as empresas chinesas obtivessem vantagem comercial.

Em agosto, a empresa de tecnologia Recorded Future publicou um relatório detalhando como hackers afiliados à prestigiada Universidade de Tsinghua na China espionaram entidades internacionais para ajudar Pequim a obter informações durante as primeiras negociações comerciais com os Estados Unidos este ano. Também foram esquadrinhados os acordos comerciais com países da iniciativa “Um Cinturão, Um Caminho” de Pequim, através da qual o regime chinês desenvolve projetos de infraestrutura na Ásia, África, Europa e América Latina.