Autoridades russas disseram que uma enorme explosão envolvendo um caminhão, neste sábado (08), causou um incêndio e destruiu uma parte de uma ponte que liga a Rússia à Crimeia, matando pelo menos três pessoas. A ponte é considerada uma importante rota de abastecimento para as tropas russas no sul da Ucrânia.
A Ponte da Crimeia – também chamada de Ponte do Estreito de Kerch ou Ponte de Kerch – é uma estrutura de 19 quilômetros (12 milhas) de comprimento que atravessa o Estreito de Kerch e liga o sul da Rússia à Península da Crimeia. O Estreito de Kerch liga o Mar Negro e o Mar de Azov.
Um caminhão explodiu na ponte por volta das 6h (horário local). O Comitê Nacional Antiterrorista da Rússia anunciou que a explosão causou um incêndio na seção paralela da ferrovia, onde sete vagões ferroviários que transportavam combustível pegaram fogo. A explosão também causou um “colapso parcial de duas seções da ponte”.
O Comitê de Investigação da Rússia disse em comunicado que o incidente matou pelo menos três pessoas, “presumivelmente os passageiros de um carro que estava passando pelo caminhão que explodiu na ponte”.
“Os corpos de uma mulher e um homem foram recuperados da água, suas identidades estão sendo estabelecidas”, diz o comunicado, segundo a agência de notícias estatal russa TASS.
O presidente russo, Vladimir Putin, foi informado sobre a explosão e ordenou a criação de um painel do governo para lidar com a emergência.
Enquanto a ponte passa por reparos, um serviço de balsa será fornecido ainda no sábado. O chefe da Crimeia, Sergey Aksyonov, disse no Telegram, para TASS: “Um serviço de balsa está pronto para ser lançado, começará a operar ainda hoje. Anunciaremos um calendário mais tarde.”
A Península da Crimeia é fundamental para sustentar as operações militares da Rússia no sul. Se a ponte ficar inoperante, seria significativamente mais desafiador transportar suprimentos para a península. Enquanto a Rússia tomou as áreas ao norte da Crimeia no início da invasão e construiu um corredor de terra ao longo do Mar de Azov, a Ucrânia está pressionando uma contraofensiva para recuperá-las.
A explosão na ponte da Crimeia ocorreu horas depois de várias explosões no início de sábado atingirem a cidade de Kharkiv, no leste da Ucrânia, que desencadeou uma série de explosões secundárias. O prefeito da cidade, Ihor Terekhov, disse que a série de explosões se deveu a ataques de mísseis direcionados ao centro da cidade, que causaram incêndios em uma das instituições médicas de Kharkiv, bem como em um prédio não residencial. Não foram registrados relatos de vítimas.
Explosão de ponte é o ‘começo’: oficial da Ucrânia
Embora ninguém ainda tenha reivindicado explicitamente a responsabilidade pública pelo ataque, o assessor do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, Mikhail Podoliak, postou no Twitter dizendo que a explosão é “o começo”.
“Crimeia, a ponte, é o começo. Tudo ilegal deve ser destruído, tudo roubado deve ser devolvido à Ucrânia, tudo ocupado pela Rússia deve ser expulso”, escreveu ele em inglês.
Podoliak anteriormente ameaçou a ponte, em agosto, dizendo ao The Guardian que a ponte é “uma construção ilegal e a principal porta de entrada para abastecer o exército russo na Crimeia” e que “tais objetos devem ser destruídos”.
Zelenskyy e outras autoridades ucranianas também afirmaram anteriormente que a Ucrânia usará a força para retomar a Crimeia.
A Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia em 2014, depois que a grande maioria das pessoas na Crimeia votou em um referendo em março de 2014 para se reunir com a Rússia e se separar da Ucrânia. A votação ocorreu depois que facções anti-Rússia e pró-UE derrubaram o governo do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, que não era contra a Rússia, em um golpe armado em fevereiro de 2014.
O referendo foi condenado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, tendo esta última afirmado em comunicado que a votação era “ilegal e ilegítima”. Tanto os Estados Unidos quanto a U.E. emitiram sanções em resposta à votação.
A Ponte da Crimeia, um projeto de US$ 3,69 bilhões (230 bilhões de rublos), foi construída após a anexação da Crimeia. A Rússia abriu a primeira parte do vão para o tráfego de automóveis em maio de 2018. A ponte paralela para o tráfego ferroviário foi inaugurada no ano seguinte. Antes da existência da ponte, a Península da Criméia só podia ser alcançada da Rússia por mar ou ar.
Era a única ligação terrestre da Rússia com a península até que as forças russas mais tarde tomaram mais território ucraniano no extremo norte do Mar de Azov em intensos combates, principalmente em torno da cidade de Mariupol, no início de 2022.
A Associated Press contribuiu para esta notícia.
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