O presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, protagonizaram um momento de tensão na reunião da cúpula do G7 nesta sexta-feira (14).
O cerne do conflito foi a exclusão da menção direta ao aborto no comunicado final dos líderes, com a Itália resistindo à pressão da França para sua inclusão.
Estados Unidos, França e União Europeia inicialmente buscaram manter a redação da declaração da cúpula anterior em Hiroshima, Japão, em 2023, que descrevia “acesso ao aborto seguro e legal e aos serviços de cuidados pós-aborto”. No entanto, desistiram devido à falta de consenso com Meloni.
A primeira-ministra argumentou que repetir os termos de 2023 não era necessário, sugerindo que Macron estivesse usando o G7 para fins eleitorais. Após demonstrar descontentamento pela remoção da referência ao aborto no texto final, o presidente francês falou com jornalistas italianos e afirmou que a Itália não tem a “mesma sensibilidade dos franceses”.
“Vocês não têm a mesma sensibilidade no país de vocês. Não temos as mesmas escolhas. A França incorporou o direito das mulheres ao aborto e a liberdade de dispor do próprio corpo em sua Constituição”, afirmou Macron.
Meloni é abertamente contra o aborto. Em sua autobiografia, ela revelou que sua mãe considerou realizar um aborto quando estava grávida dela, mas optou por prosseguir com a gravidez.
Em abril, o governo italiano aprovou uma lei que autoriza grupos pró-vida a acessarem clínicas abortistas para tentar convencer as mulheres a desistirem do procedimento.
O projeto divulgado pela AFP reiterou os compromissos da Declaração dos Líderes de Hiroshima, enfatizando “o acesso universal, adequado, acessível e de qualidade aos serviços de saúde para as mulheres, incluindo os direitos sexuais e reprodutivos e a saúde de forma abrangente para todos”.
O encontro de líderes mundiais ocorre na Itália e termina nesta sexta-feira (14). O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está presente como convidado, mas não assina a declaração final.