O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de direita, conquistou uma vitória histórica em uma eleição estadual e está a um passo de outra vitória em um estado vizinho.
As eleições estaduais de 1º de setembro nos dois estados do leste da Alemanha foram para eleger novos Legislativos estaduais, os Landtage, que lidam com questões locais — semelhante ao papel das Legislaturas estaduais nos EUA.
Projeções colocam a AfD na liderança no estado da Turíngia, no leste da Alemanha, com cerca de 33% dos votos, enquanto um partido de esquerda recém-formado também ganhou apoio substancial. Partidos que representam a coalizão centrista do chanceler Olaf Scholz ficaram atrás de ambas as facções no estado.
A União Democrata Cristã, um partido de oposição nacional de centro-direita, também ficou bem atrás, conquistando cerca de 24% dos votos.
Enquanto isso, a recém-formada Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), um partido de esquerda com inclinação populista, deve obter cerca de 16% dos votos na Turíngia.
A maior derrota nas eleições parece estar relacionada a Scholz, que enfrentou baixas taxas de aprovação e insatisfação generalizada com seu governo — particularmente no leste da Alemanha.
De acordo com as projeções, seu partido, o Partido Social-Democrata, manterá cadeiras, mas por pouco; sua coalizão centrista deve conquistar cerca de 8% dos votos.
Outros estados
O forte desempenho da AfD não se limitou à Turíngia: projeções do estado vizinho do leste, Saxônia, colocam o partido em segundo lugar, bem próximo da liderança.
Nessa disputa, a União Democrata Cristã parecia estar à frente com entre 31,5% e 31,8% dos votos.
No entanto, a AfD está logo atrás, com entre 30,8% e 31,4% dos votos, deixando em aberto a possibilidade de que possam conquistar a maioria em ambas as disputas.
Enquanto isso, a Aliança Sahra Wagenknecht obteve 12% dos votos na Saxônia, enquanto o partido de Scholz novamente enfrentou resultados na casa de um dígito.
Os resultados significam uma perda decepcionante de cadeiras para o partido governista alemão em meio ao aumento de apoio à AfD na metade oriental do país, anteriormente comunista.
À medida que o governo em Berlim enfrenta taxas de aprovação desanimadoras e a confiança dos eleitores diminui, os alemães orientais têm sido críticos em relação à imigração em massa, à inflação e ao apoio da Alemanha à Ucrânia — uma série de questões familiares para líderes dos Estados Unidos e da Europa.
Europa numa encruzilhada
Em um país cuja política tem sido dominada por centristas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a vitória da AfD surpreendeu alguns alemães, especialmente porque o partido também tem conquistado avanços em disputas em todo o continente.
Em junho, a AfD teve um forte desempenho, ficando em segundo lugar nas eleições para o Parlamento Europeu.
Na mesma disputa, o partido francês de direita Reagrupamento Nacional obteve cerca de 32% dos votos, conquistando a maior parcela de votos na eleição.
Uma aliança de última hora entre centristas e esquerdistas conseguiu evitar uma vitória da direita nas eleições parlamentares francesas que se seguiram, mas o resultado mostrou a crescente força da direita na Europa Ocidental.
Partidos de direita tiveram vitórias semelhantes em certas disputas em toda a Europa.
A vitória projetada da AfD na Turíngia, embora seja um indicativo do crescente apoio à direita alemã, provavelmente não significará o controle da AfD sobre os Legislativos dos dois estados: outros grandes partidos na disputa já descartaram trabalhar com a direita.
Ainda assim, não está claro como serão as possíveis coalizões. Para que centristas e esquerdistas evitem que a AfD conquiste a maioria nos dois estados, precisarão formar uma coalizão desconfortável.
Os eleitores alemães também decidirão sobre seus líderes em uma eleição federal no próximo ano.