Por Agência EFE
A nova sede do Parlamento da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) na Bolívia recebeu críticas da oposição no país nesta quinta-feira (13) devido ao alto custo — cerca de US$ 70 milhões — e à inutilidade, por causa da crise institucional do bloco.
O partido opositor Democratas Bolívia apresentou ao governo do departamento de Cochabamba, onde o edifício foi inaugurado ontem, um pedido para que as instalações sejam destinadas a um centro científico. O grupo argumenta que a Unasul “está praticamente em uma etapa de dissolução”.
Seis dos 12 países que integram a Unasul comunicaram em abril, quando a Bolívia assumiu a presidência rotativa do órgão, a decisão de não participarem até que o bloco estabeleça um melhor funcionamento, entre eles o Brasil.
Fernando Aponte, dirigente do Democratas Bolívia, se manifestou sobre o assunto pelo Twitter. O opositor classificou como “pão e circo” a proposta do presidente boliviano, Evo Morales, de também utilizar o edifício para eventos como festas de formatura e congressos.
O ex-presidente Jorge Quiroga denunciou nas redes sociais “o desperdício” das autoridades ao inaugurarem “uma sede inservível” em um momento em que a “Colômbia deixa a organização”. O governo colombiano anunciou no mês passado que sairá de forma “irreversível” da Unasul.
“Enquanto os bolivianos não têm um hospital decente, você (Morales) desperdiçou 494 milhões de bolivianos em uma obra que não serve para nada”, criticou no Twitter o senador Arturo Murillo, da opositora Unidade Democrata, em referência ao presidente do país.
Vilma Magne, representante do partido opositor Soberania e Liberdade, considerou a nova sede “outro desperdício” e questionou se não “teria sido melhor investir em um hospital”.
“As prioridades estão invertidas, agora é o Parlamento Unasul, oferecido para eventos”, se lamentou.
A nova sede do órgão se encontra na cidade de San Benito e conta com um edifício para sessões plenárias e um centro de convenções, entre outras instalações que começaram a ser construídas em 2008.
A escolha do lugar foi decidida por unanimidade na Unasul, e a Bolívia decidiu arcar com todo o custo, segundo declarou Morales no ato de inauguração.
O Parlamento Sul-Americano não se reúne por divergências entre os países-membros sobre a sua constituição. A sede da Secretaria-Geral da Unasul fica em Quito desde 2015, mas o posto ficou vago em 2017, o que gerou uma crise no órgão.
Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru comunicaram em abril a decisão de não participarem das atividades. A Unasul também é formada por Equador, Guiana, Suriname, Uruguai e Venezuela.