O Parlamento do Canadá recomendou nesta quinta-feira (30), o fortalecimento das relações com Taiwan e o aumento do apoio à ilha, dadas “as tensões sobre o seu futuro”, em meio às acusações de ingerência de Pequim nas últimas eleições canadenses.
O relatório divulgado hoje por um comitê especial da Câmara Baixa do Parlamento canadense recomenda que “o Canadá e seus aliados” aumentem as oportunidades para Taiwan participar de organizações multilaterais, bem como fortaleçam as relações comerciais bilaterais.
O relatório também deixa claro que suas 18 recomendações não pretendem acabar com a política do Canadá de reconhecer o princípio de “uma China”, segundo o qual há apenas uma China no mundo, Taiwan é uma parte inalienável da China e Pequim é o único governo que representa toda a China.
O gigante asiático reivindica a soberania sobre Taiwan, que considera uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá em 1949, depois de perder a guerra civil contra os comunistas.
O presidente do comitê parlamentar especial, Ken Hardie, do Partido Liberal do Canadá, disse em um comunicado que é importante mostrar o apoio do Canadá a Taiwan “neste momento turbulento”.
Hardie acrescentou que o relatório “assinala as maneiras pelas quais o Canadá apoia o status quo pacífico, ao aumentar seu relacionamento com Taiwan sob a política de uma só China do Canadá”.
A publicação do relatório ocorre depois que nas últimas semanas documentos dos serviços de inteligência canadenses vazados para a imprensa do país acusam Pequim de ingerências nas eleições gerais de 2019 e 2021, o que colocou o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau em sérios problemas.
De acordo com esses relatórios, a China apoiou até 11 candidatos nas eleições gerais de 2019. Os documentos também indicam que o regime chinês era a favor de uma vitória de Trudeau nas eleições de 2021, mas com um governo minoritário, como aconteceu.
Os serviços de inteligência também acusaram a China de interferir nas eleições municipais da cidade de Vancouver, uma das mais importantes do país.
Até o momento, o deputado canadense Han Dong deixou o Partido Liberal de Trudeau em 22 de março, após ser acusado pela imprensa de contatos irregulares com as autoridades chinesas.
Sob pressão da oposição, Trudeau concordou em criar um registro de lobistas que atuam no Canadá em nome de governos estrangeiros e nomeou um relator especial sobre ingerência estrangeira, mas se recusou a permitir que o Parlamento investigasse as acusações dos serviços de inteligência.
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