Parlamento britânico acusa governo de tolerar “dinheiro sujo” da Rússia

21/05/2018 15:47 Atualizado: 21/05/2018 15:47

Por Agência EFE

A Comissão de Assuntos Estrangeiros do Parlamento britânico acusou o governo da primeira-ministra Theresa May de “fazer vista grossa” para o “dinheiro sujo” de origem russa que supostamente circula pelo setor financeiro do Reino Unido, de acordo com um informe divulgado hoje (21).

Os membros do Parlamento pedem ao Executivo conservador que mostre “mais liderança política” e que lance medidas que impeçam a proliferação de “ativos corruptos”, que sancione “indivíduos ligados ao Kremlin” e que aumente a “transparência” quanto à titularidade dos ativos.

A Comissão instou a primeira-ministra a trabalhar com a União Europeia (UE) e os Estados Unidos de forma a identificar e punir as pessoas e entidades empregadas pelo Kremlin em seus “atos de agressão”, que podem ser campanhas de desinformação ou desestabilização ou assassinatos em solo estrangeiro.

De acordo com o informe intitulado “O ouro de Moscou: corrupção russa no Reino Unido”, grande parte do capital russo guardado ou “lavado” em Londres é usado para financiar as campanhas do presidente russo Vladimir Putin e “subverter” as normas internacionais.

Os parlamentares lamentam que o governo permita que tudo permaneça “aberto para negócios”, mesmo depois do escândalo da suposta tentativa de assassinato no Reino Unido do ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia, que Londres atribuiu ao governo de Moscou.

“Apesar da dura retórica, o presidente Putin e seus aliados continuam podendo fazer seus negócios como se nada tivesse acontecido, escondendo e lavando os seus ativos em Londres”, diz a Comissão.

“Isto pode ter consequências para a segurança nacional. Fazer vista grossa para o papel de Londres em esconder os frutos da corrupção ligada ao Kremlin representa o risco de enviar um sinal de que o Reino Unido não é sério em lidar com todas as medidas ofensivas do presidente Putin”, acrescentam.

Os parlamentares salientam que, dois dias após a expulsão de diplomatas russos devido ao caso Skripal, o governo russo conseguiu levantar 4 bilhões de dólares através da emissão de Eurobônus.

Um dia antes, a empresa petrolífera russa Gazprom PJSC lançou títulos por 750 milhões de euros e em novembro de 2017 a oligarca Oleg Deripaska lançou sua empresa EN+Group na Bolsa de Londres, captando 1,5 bilhão de libras (1,7 bilhão de euros), apesar de sua “bem conhecida” conexão com o Kremlin.