O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) afirmou neste sábado (15) que controla o Palácio Presidencial do Sudão, onde reside o presidente do Conselho Soberano e líder militar, Abdel Fattah al Burhan, embora o seu destino seja desconhecido.
As unidades, chefiadas pelo vice-presidente do Conselho Soberano e número dois do Exército, Mohamed Hamdan Dagalo, vulgo “Hemedti”, indicaram que a ação é uma resposta ao “ataque lançado esta manhã pelas Forças Armadas” aos campos de Soba, no sul de Cartum.
Segundo um comunicado das FAR, o grupo controla o Palácio Presidencial e a casa de hóspedes, bem como o aeroporto internacional de Cartum, o maior do país; o de Marawi, no norte do Sudão e na fronteira com o Egito, e o de Al Obeid, no sul do país.
“O que o Comando das Forças Armadas e vários oficiais fizeram representa uma clara violação contra as nossas forças, que se comprometeram com a paz e exerceram a contenção”, disseram as FAR no comunicado, no qual também tentaram acalmar os cidadãos do Sudão, garantindo que “estão a salvo e que a situação está sob controle”.
Por sua vez, o Exército sudanês negou que as FAR controlem o Palácio Presidencial e garantiu que já existem desertores nas fileiras das unidades rivais.
“As Forças de Apoio Rápido espalham notícias falsas de fora do Sudão e reivindicam o controle do Comando Geral e do Palácio da República”, disseram as Forças Armadas sudanesas em comunicado.
Além disso, ressaltaram que “enquanto alguns dos seus soldados e oficiais que já não estão militarmente qualificados na ausência total do seu comando supremo e superiores fogem e deixam as armas nas ruas, outros entram nos bairros residenciais para se refugiarem entre os cidadãos”.
Da mesma forma, em outra nota, as Forças Armadas sudanesas afirmaram que estão enfrentando “a agressão brutal” das FAR e que vão proteger o país de “sua traição”.
A Força Aérea sudanesa começou a bombardear posições das FAR no Sudão, na tentativa de repelir a “agressão” do que descreveu como uma “milícia rebelde”, iniciada esta manhã após o Exército sudanês atacar o quartel-general de uma unidade rival.
“A Força Aérea está agora conduzindo operações qualitativas para resolver o comportamento irresponsável da milícia rebelde Apoio Rápido”, disse o Exército sudanês no comunicado, observando que um comandante das FAR foi ferido, sem identificá-lo.
Há dois dias, o Exército sudanês havia alertado que o país atravessava uma “conjuntura perigosa” que pode levar a um conflito armado depois que unidades das FAR, o grupo paramilitar mais poderoso do Sudão, “se mobilizaram” na capital Cartum e em outras cidades.
“Hemedti” exmpressou ontem sua disposição de buscar uma solução para a tensão gerada sem “derramamento de sangue”, segundo autoridades sudanesas que atuam como mediadores entre os militares.
Essa mobilização ocorre em meio às negociações para chegar a um acordo político definitivo que ponha fim ao golpe de 2021 e conduza o Sudão a uma transição democrática, pacto cuja assinatura foi adiada duas vezes neste mês de abril justamente por conta das tensões entre o Exército e as FAR.
As FAR surgiram das milícias Yanyawid, acusadas de cometer crimes contra a humanidade durante o conflito de Darfur (2003-2008).
Entre para nosso canal do Telegram
Assista também: