O papa Francisco reafirmou nesta segunda-feira (04) seu respeito e admiração pelo povo da China e ressaltou que é necessário trabalhar “para que os cidadãos chineses não pensem que a Igreja não aceita sua cultura e os seus valores”. A fala veio em uma entrevista coletiva no voo de retorno de uma viagem à Mongólia, vizinha do gigante asiático.
No domingo, ele havia enviado uma mensagem aos cidadãos chineses pedindo que os católicos fossem “bons cidadãos” — depois que, na sexta feira (01), passaram a vigorar novas medidas pedindo mais “sinicização” de religiões na China. A nova legislação também exige o estudo de diretrizes do Partido Comunista Chinês (PCCh) e a defesa do Partido e do sistema socialista em locais religiosos.
O New York Times noticiou que um pequeno grupo de católicos chineses cruzou a fronteira para ouvir o papa, mas cobrindo seus rostos por medo de represálias.
“As relações com a China são muito respeitosas (…). Pessoalmente, tenho uma grande admiração pelo povo chinês, os canais são muito abertos. Para a nomeação dos bispos há uma comissão que vem trabalhando há algum tempo com o governo chinês e com o Vaticano, e depois há muitos, ou melhor, há alguns padres católicos ou intelectuais católicos que são frequentemente convidados a dar cursos em universidades chinesas”, afirmou o pontífice.
“Acredito que devemos avançar no aspecto religioso para nos entendermos melhor e para que os cidadãos chineses não pensem que a Igreja não aceita sua cultura e os seus valores e que a Igreja seja subordinada a uma outra potência estrangeira. A comissão presidida pelo cardeal Parolin está fazendo isso de forma amigável, está sendo feito um bom trabalho, também por parte do lado chinês. As relações estão em andamento. Tenho um grande respeito pelo povo chinês”, acrescentou.
Repressão à igreja cresce na China
O Epoch Times Brasil noticiou as novas “medidas” adotadas pelo Partido Comunista Chinês na última sexta-feira (01) e disponibilizou com exclusividade uma tradução do inteiro teor do texto (leia aqui).
As novas normas — as “Medidas Administrativas para Locais de Atividade Religiosa” — obriga a igrejas e mosteiros aderir a “valores socialistas fundamentais”.
No artigo 3º do documento, se lê:
Artigo 3.º Os locais de atividade religiosa devem defender a liderança do PCCh e o sistema socialista, implementar cabalmente a ideologia de Xi Jinping do socialismo com características chinesas para a nova era, respeitar a Constituição, leis, regras e regulamentos e disposições relevantes sobre a gestão de assuntos religiosos, praticar valores socialistas fundamentais, aderir à direção de sinicização das religiões da China, aderir ao princípio da independência, autonomia e autossuficiência, e salvaguardar a unidade do país, a unidade nacional, a harmonia religiosa e a estabilidade social.
Em análise das novas medidas (leia aqui), Marcos Schotgues, editor-chefe do Epoch Times Brasil comentou que para o PCCh: “A religião na República Popular da China é nominal. A única fé permitida é a fé no Estado — no Partido Comunista”
“O PCCh, cuja liderança os mosteiros e igrejas deverão “defender”, proíbe seus membros de professar qualquer fé. Ele impõe não um Estado laico, mas ateísta. ” Acrescentou.
Entre para nosso canal do Telegram