Por Caden Pearson
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, declarou aos líderes empresariais globais que seu governo não via a pandemia da COVID-19 como uma oportunidade de criar uma economia mais “centrada no estado”, mas, em vez disso, apoiou uma uma recuperação mais sustentável liderada pelos negócios.
Em um discurso na cúpula virtual da Agenda de 2022 de Davos organizada pelo Fórum Econômico Mundial, Morrison expôs o caminho da Austrália para as consequências globais da pandemia e sua abordagem para apoiar a recuperação econômica e a resiliência na próxima década.
“Não vemos uma recuperação centrada no governo perpetuando no futuro”, afirmou ele em 21 de janeiro. “Certamente havia um papel para o governo, mas o papel do governo era garantir que teríamos uma recuperação”.
“Sabíamos que estávamos lidando com uma crise de saúde pública, embora uma com profundas consequências econômicas e sociais.”
“Nós nunca vimos isso como uma desculpa para algum tipo de experimento estranho para transformar nosso sistema econômico. Não vimos isso como um convite de longo prazo para o retorno de – ou o estabelecimento de – alguma economia centrada no Estado”, declarou Morrison.
Essa abordagem “orientada para o mercado” serviu bem à Austrália por décadas, observou ele, acrescentando que, antes da recessão da COVID, o país não entrava em recessão há 28 anos e meio.
Cinco forças que moldam o mundo
O primeiro-ministro também destacou o que ele vê como as cinco principais “forças” que moldam as mudanças políticas, econômicas e tecnológicas em um mundo pós-pandemia.
Isso inclui uma aceleração de uma economia digital que viu a necessidade de alinhar os mundos digital e físico. Em segundo lugar, ele afirmou que havia uma maior demanda por habilidades e talentos de pesquisa, locais de trabalho mais adaptáveis e colaboração mais próxima entre pesquisadores e o mundo dos negócios.
Enquanto isso, uma competição geopolítica mais acirrada surgiu. Morrison relatou que isso ocorreu principalmente no Indo-Pacífico com a China, embora não tenha citado o país.
“Vivemos em um mundo cada vez mais fragmentado e contestado, particularmente aqui no Indo-Pacífico, que se tornou o centro estratégico de gravidade do mundo”, declarou Morrison.
“Os desafios que enfrentamos são muitos. Há tensões sobre reivindicações territoriais. Há uma rápida modernização militar. Há interferência estrangeira aparecendo em nações do Indo-Pacífico e aqui na Austrália.”
“Há ameaças cibernéticas maliciosas e ataques ocorrendo; desinformação, coerção econômica. Este é um espaço altamente contestado, onde estamos vendo muitas táticas de zona cinzenta sendo empregadas em toda a região com o objetivo de coagir e intimidar.”
“Enfrentar esses desafios exige cooperação e propósito comum entre aqueles que acreditam em uma ordem mundial que favoreça a liberdade e o estado de direito, que tem sido a base da prosperidade do mundo desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou ele.
A quarta força que ele destacou foram as pressões sobre as redes globais de fornecimento e o comércio aberto causadas por uma era de “hiperglobalização” que viu governos e empresas “terem que reavaliar suas regras” e “suas suposições”.
A última força foi o impulso para descarbonizar a economia global, mantendo energia acessível e confiável para clientes e empresas.
Morrison pediu aos líderes mundiais que busquem uma rápida recuperação econômica, uma reminiscência do que aconteceu nos anos 80 e 90, e não a “recuperação prolongada e lenta” que se seguiu à crise financeira global nos anos 2010.
Isso foi vital, declarou ele, porque a pandemia “acentuou novas divisões” entre países e indústrias que sofreram mais – como turismo, viagens e eventos de negócios – e aqueles que conseguiram se “isolar” dos piores impactos, como logística, saúde e TI.
“Uma rápida recuperação deve ser nossa missão econômica compartilhada. Uma recuperação que visa criar empregos, construir riqueza e prosperidade, e que reduza as divisões em nossas comunidades. Porque a prosperidade compartilhada é sempre a base para uma democracia forte e estável e segurança global”, afirmou.
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