O rotundo líder da Coreia do Norte herdou o apetite tirânico do pai, seu amor por champanhes caros e por mulheres que têm pouca escolha além de fazer o que ele quiser.
Poucos chegaram perto de Kim Jong-un e viveram para contar a história fora da Coreia do Norte.
Mas um homem vivenciou isso, e ganhou a vida compartilhando suas percepções sobre o líder supremo da Coreia do Norte.
O chef Kenji Fujimoto, um pseudônimo, foi uma das poucas pessoas que previu com sucesso que o jovem Kim Jong-un assumiria a ditadura familiar após seu pai Kim Jong-il.
A sabedoria convencional dizia que o meio-irmão mais velho Kim Jong-nam seria o próximo na linha de sucessão ao trono, que pode ser a razão por que Kim Jong-nam foi assassinado, supostamente pelas mãos de agentes norte-coreanos num aeroporto da Malásia no início deste ano.
Quando o controle do regime comunista norte-coreano passou para o filho mais jovem Kim Jong-un no final de 2011, o status do chef Fujimoto cresceu e ele se tornou um dos poucos especialistas reconhecidos no regime no novo líder.
Leia também:
• Coreia do Norte é “inferno” para cristãos, diz desertor
• Regime da Coreia do Norte e sua epidemia de metanfetamina
• ONU: mulheres norte-coreanas sofrem discriminação, estupro e desnutrição
Fujimoto foi o cozinheiro pessoal, ou sushi chef, do ex-ditador norte-coreano de 1988 a 2001 e uma das poucas pessoas a ver a família Kim de perto e conseguir sair do país. Seus livros sobre seu tempo na Coreia do Norte relatam competições de jet ski contra o ditador falecido e como ele conheceu o atual líder Kim Jong-un quando este tinha apenas sete anos de idade.
Fujimoto agora ganha dinheiro com seus três livros e com entrevistas e aparições televisivas remuneradas, quando ele oferece comentários sobre as lideranças da Coreia do Norte.
De acordo com Fujimoto, o atual Kim Jong-un adora o caro champanhe Cristal, que ele costumava beber durante os jantares com seu pai, um homem de gostos extravagantes.
Fujimoto disse ao Independent que Kim Jong-un consome grandes quantidades de bebidas caras.
Por alguns anos, rumores circularam que Kim Jong-un teria um fetiche por queijo suíço, mas com reportagens citando reportagens, a fonte parecia circular.
A origem das reivindicações generalizadas que o atual ditador desenvolveu gota por comer muito queijo seria baseada em grande parte em seu ganho de peso, uma coxeadura que ele tem há algum tempo e o fato de que ele enviou representantes à França para tentar matricular cozinheiros norte-coreanos em cursos de produção de queijo para melhorar a capacidade do país de fazer queijos finos, relatou o Mirror.
Veronique Drouet, a diretora da National Dairy Industry College, disse ao jornal que a faculdade polidamente, mas com firmeza, recusou o pedido.
A família Kim tem uma história conhecida de apetites luxuosos.
Kim Jong-il, o pai de Kim Jong-un, enviaria Fujimoto à China, ao Japão e outros lugares para obter ingredientes e cigarros, gastando uma fortuna para adquirir itens que variavam desde atum indiano até bolinhos de arroz.
Mesmo alimentos comuns requeriam uma preparação extraordinária para o ex-líder.
“Com respeito ao arroz, antes de cozinhar, um garçom e um membro da equipe da cozinha inspecionaria grão por grão. Os grãos quebrados e defeituosos eram extraídos; somente aqueles com forma perfeita eram apresentados”, escreveu Fujimoto para o Atlantic em 2004.
Leia também:
• Norte-coreanos indicam que preferem ser sul-coreanos
• O triste estado dos famintos soldados da Coreia do Norte
• Conselho de Segurança da ONU vota unanimemente por novas sanções à Coreia do Norte
Durante um dos frequentes banquetes de Kim Jong-il, Fujimoto afirma que o ex-líder ordenou que cinco dançarinas tirassem suas roupas.
“Elas não podiam se opor às ordens do seu querido líder. Com grande constrangimento, elas removeram suas roupas e continuaram seu desempenho enquanto nuas”, escreveu Fujimoto.
Em seguida, Kim Jong-il ordenou que a equipe de seu gabinete se juntasse a ele, mas advertiu-lhes que, se eles tocassem as dançarinas, eles seriam considerados ladrões.
Fujimoto, que recebeu presentes de luxo, como dois carros Mercedez Benz do agora falecido Kim Jong-il, vivia com medo de aborrecer o regime e acabar sendo executado. O medo levou-o a enganar seu antigo patrão para enviá-lo ao Japão para obter um ouriço do mar, um aperitivo favorito, em 2001.
Quando Fujimoto pousou em sua terra natal, ele ficou por lá.
Mas o chef retornou à Coreia do Norte depois de sua partida, uma vez em 2012 sob o convite formal de Kim Jong-un e novamente em 2016 quando foi jantar com ele.
Após sua viagem de 2016, Fujimoto disse à rede sul-coreana KBS que Kim Jong-un apareceu no jantar com seis mulheres atraentes e bebeu o caro vinho Bordeaux.
Na ocasião, Kim Jong-un se vangloriou de ter bebido “10 garrafas de Bordeaux” na noite anterior, recordou Fujimoto.