Organizações e personalidades cubanas da sociedade civil pediram que o preso “político e de consciência” José Daniel Ferrer García seja indicado ao Prêmio Sakharov, concedido pelo Parlamento Europeu.
Segundo informou nesta quinta-feira (22) em comunicado o Observatório Cubano de Direitos Humanos, com sede em Madri, o pedido é assinado por uma “coalizão de organizações de direitos humanos” com o objetivo de conseguir a “proteção e salvaguarda” de Ferrer, cuja integridade física e psicológica se encontra em “risco extremo”.
Em uma carta dirigida aos eurodeputados, os signatários expõem essa “situação de máxima urgência, que requer sua atenção e ação imediata”.
“Sua vida corre grave risco devido às condições em que se encontra e à constante violação de seus direitos fundamentais. José Daniel está isolado em uma cela desde seu encarceramento, como punição adicional (…) Sua família denunciou várias vezes seus preocupantes problemas de saúde e os que podem decorrer do prolongado isolamento”, segundo essas organizações.
Ferrer García é “um símbolo de rebeldia, e sua atitude diante da ditadura é a essência do anseio de liberdade do povo cubano, há mais de seis décadas submetido a um regime tirânico. As constantes violações, os tratamentos cruéis e degradantes e as contínuas transgressões das normas de tratamento dos presos são de uma gravidade alarmante”.
Embora ele não venha a receber este prêmio pela liberdade de consciência, “sua indicação representaria não apenas um reconhecimento à sua incansável luta pela democracia e pelos direitos humanos dos cubanos, mas também serviria como um escudo de proteção internacional, aumentando a pressão sobre as autoridades (cubanas) responsáveis e oferecendo um raio de esperança que pode ser crucial para salvar sua vida”, expressa o documento.
No dia 11 de julho de 2021, José Daniel Ferrer e seu filho, Daniel Ferrer Cantillo, foram detidos por participarem em protestos populares contra o regime castrista, segundo o comunicado do observatório.
Ferrer, que estava em prisão domiciliar, foi transferido para a prisão de Mar Verde para cumprir o restante da pena de quatro anos a que foi condenado por corrupção em 2019.
Desde então, tem sido alvo de “maus-tratos e violações” das recomendações da ONU sobre o tratamento de presos. Em dezembro de 2022, ele iniciou uma greve de fome na prisão.
A partir de Cuba, apoiam a solicitação a representante do Centro Cubano de Direitos Humanos e ativista Martha Beatriz Roque Cabello, além dos laureados com o Prêmio Sakharov, Berta Soler e Guillermo Fariñas.
Da Europa, apoiam as organizações Movimento San Isidro, Rede Feminina de Cuba, junto ao Partido Democrata Cristão de Cuba e ao Observatório Cubano de Direitos Humanos.
E de Miami (EUA), manifestaram apoio Carlos Quintela, diretor da Fundação Cubano Americana; Tony Costa, presidente da Fundação pelos Direitos Humanos em Cuba; Sylvia Iriondo, presidente do Mar por Cuba; Orlando Gutiérrez Boronat, secretário-geral do Diretório Democrático Cubano e Coordenador da Assembleia pela Resistência; Rosa María Payá, representante do Cuba Decide; e Marcell Felipe, presidente da Fundação Inspire América.