O Prêmio Nobel da Paz de 2024 foi concedido à organização japonesa Nihon Hidankyo, formada por sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, ocorridos há 79 anos.
O Comitê Nobel norueguês destacou os esforços da organização em promover um mundo livre de armas nucleares e em demonstrar, por meio de testemunhos, que essas armas nunca mais devem ser utilizadas.
Fundada em 10 de agosto de 1956, a Nihon Hidankyo defende a assinatura de um acordo internacional para a proibição total e eliminação das armas nucleares.
O ataque de 1945, que incluiu os bombardeios de Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto), resultou na morte de cerca de 200 mil pessoas e é o único caso registrado de uso de armamento nuclear em conflitos armados.
Essas explosões, lançadas pelos Estados Unidos, não apenas aceleraram o fim da Segunda Guerra Mundial, mas também levantaram questões éticas e morais sobre o uso de armas nucleares.
Ao conceder o prêmio, o Comitê Nobel alertou sobre o enfraquecimento do tabu contra o uso de armas nucleares, ressaltando que “há quase 80 anos, nenhuma arma nuclear é utilizada em guerras, mas é alarmante observar que esse tabu está sendo cada vez mais questionado”.
As ameaças nucleares tornaram-se um tema preocupante em meio a conflitos recentes, como a guerra na Ucrânia, onde o líder russo, Vladimir Putin, já fez referências a possíveis ameaças nucleares.
A Coreia do Norte, ainda tecnicamente em guerra com a Coreia do Sul, frequentemente afirma possuir ogivas nucleares.
Ainda existe a preocupação sobre os conflitos no Oriente Médio, com o envolvimento do Irã, que, embora tenha se comprometido a utilizar sua tecnologia nuclear para fins civis após um acordo com os EUA, voltou a considerar o desenvolvimento de um programa militar nuclear.
A escolha da Nihon Hidankyo é vista como um reconhecimento de seus esforços contínuos em prol do desarmamento nuclear. O diretor da organização, Toshiyuki Mimaki, que sobreviveu ao bombardeio de Hiroshima, afirmou que o prêmio “será uma grande força para lembrar ao mundo que a abolição das armas nucleares pode ser alcançada”.