A Europa deve fortalecer suas próprias estratégias para evitar ficar atrás dos Estados Unidos e da Ásia na corrida global que está se desenvolvendo e que gerará importantes mudanças geopolíticas, disse neste sábado (27) o primeiro-ministro da Hungria, o ultranacionalista Viktor Orbán.
“Devemos entrar na grande corrida da mudança (geopolítica) mundial, assim como os EUA estão fazendo, mas com nossa própria lógica”, acrescentou Orbán em um evento em Baile Tusnad, uma cidade na Transilvânia, uma região da Romênia amplamente povoada por húngaros étnicos.
A Hungria ocupa a presidência da União Europeia (UE) até o final do ano, e o lema para o mandato de seis meses é justamente “Tornar a Europa grande novamente”, uma cópia do slogan de campanha do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em 2016.
Orbán disse que uma mudança geopolítica internacional está se aproximando, da qual a Ásia emergirá mais forte, enquanto a Europa “não defende mais seus próprios interesses”.
O chefe do governo húngaro previu que as eleições americanas de novembro serão vencidas por seu aliado, Trump, que também fará de tudo para fortalecer seu próprio país.
Nesse contexto, o primeiro-ministro propôs como uma possibilidade para a UE a “autonomia estratégica”, elaborada pelo presidente francês Emmanuel Macron.
“A Europa é capaz de recuperar a capacidade de atrair capital e de investir em grandes projetos de melhoria de infraestrutura, especialmente na Europa Central”, disse.
Em outros aspectos, a Europa deve ter uma aliança militar conjunta, com uma forte indústria de defesa, acrescentou ele, que também enfatizou a importância de o continente ter autossuficiência energética, “o que não será possível sem a energia nuclear”.
A UE também terá que chegar a “uma nova reconciliação com a Rússia após a guerra”, para não ser deixada para trás na competição global.
Além disso, Orbán criticou novamente a UE, afirmando que “Bruxelas quer alcançar a paz na Ucrânia apoiando a guerra”.
Nos últimos meses, o governo húngaro acusou a UE de belicismo e se apresentou como o único país do bloco que deseja alcançar a paz na Ucrânia.
Orbán, considerado o líder da UE com as melhores relações com Moscou, também afirmou que a Ucrânia não se juntará à UE ou à OTAN, pois o Ocidente não poderá financiar o funcionamento do país.
“Se tivermos sorte, a Ucrânia receberá garantias de segurança internacional, registradas em um acordo entre os EUA e a Rússia, do qual a UE também poderá participar”, acrescentou.