As posições de Rússia e Ocidente em relação à guerra na Ucrânia estão muito distantes, reconheceu nesta sexta-feira (5) o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, depois de se reunir no Kremlin com o líder da Rússia, Vladimir Putin, embora tenha exposto sua vontade de se aproximar da paz por meio da conversa.
“Queria ouvir e escutei a opinião de Putin. As posições estão muito distantes, é preciso dar muitos passos para chegar mais perto do fim da guerra, mas o passo mais importante foi o estabelecimento de contatos e vou continuar trabalhando”, afirmou Orbán para a imprensa.
O premiê húngaro disse que sua visita não anunciada a Moscou teve como objetivo conhecer a opinião de Putin sobre três pontos de grande importância para orientar o processo de paz.
“Para saber o que ele pensa sobre as iniciativas de paz atualmente existentes, o que pensa sobre o cessar-fogo e as conversas de paz, em que ordem devem ser realizadas, e a terceira coisa que me interessou foi a sua visão da Europa depois da guerra”, listou.
“Agradeço ao senhor presidente pela sua conversa franca e honesta”, declarou Orbán.
O chefe do governo húngaro destacou que “o que distingue esta reunião é o fato de se realizar em plena guerra, num momento em que a Europa precisa de paz. Para a Europa, a paz é o mais importante”.
Ele salientou que a principal tarefa de seu país durante o semestre de presidência rotativa do Conselho da União Europeia é “a luta pela paz”, uma vez que a Europa atingiu seu maior desenvolvimento justamente durante as décadas em que não houve guerra.
“Há dois anos e meio que vivemos na Europa à sombra da guerra. Isto cria grandes dificuldades para a Europa. Vemos muita destruição e sofrimento. Esta guerra está começando a afetar o crescimento econômico e nossa competitividade”, afirmou.
Além disso, Orbán afirmou que “nos últimos dois anos e meio entendemos que a paz não seria alcançada sem diplomacia”.
“Não acontecerá sozinho se não trabalharmos pela paz. É por isso que quis encontrar o caminho mais curto para parar a guerra” por meio de conversas com Kiev e Moscou.
Orbán destacou a importância do papel da Hungria como mediador, uma vez que é o único país do bloco capaz de dialogar com ambas as partes no conflito.
O chefe do governo húngaro chegou nesta sexta-feira a Moscou para uma visita de trabalho não anunciada, que ele próprio descreveu como uma “missão de paz” numa publicação na rede social X (ex-Twitter) assim que chegou à capital russa.
No encontro, Putin disse que a Rússia não procura um “simples cessar-fogo” ou uma pausa no conflito, mas quer a sua solução “completa e definitiva”.
A visão de Moscou para acabar com a guerra foi apresentada há algumas semanas, lembrou o presidente russo.
Além da saída das forças de Kiev das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson, que a Rússia anexou em setembro de 2022, devem ser cumpridas outras condições, que serão objeto de discussão detalhada no âmbito de um “possível trabalho conjunto”, disse Putin.
O mandatário russo reconheceu que Orbán apresentou à Rússia a posição ocidental sobre o conflito, “também do ponto de vista dos interesses da Ucrânia”.
“Agradecemos ao primeiro-ministro pela sua visita a Moscou. Percebemos isso como uma tentativa de restabelecer o diálogo e dar a ele um impulso adicional”, acrescentou Putin.