A deputada opositora Kattya González, que disputa uma vaga no Senado do Paraguai nas eleições do próximo mês de abril, propôs a formação de um “grande bloco internacional” para acompanhar uma eventual negociação entre seu país e o Brasil sobre o tratado fundacional da represa compartilhada de Itaipu , que completará 50 anos em 2023.
González considerou que trata-se de uma “causa nacional” que a motivou a concorrer à Câmara Alta, instância que se encarrega, entre outros assuntos, de discutir tratados internacionais e designar os responsáveis pelas empresas binacionais.
“A única esperança de que haja algo que realmente fortaleça o Paraguai é o abraço (apoio) diplomático”, disse González, diante de uma possível renegociação sobre a represa.
“Temos que gerar um grande bloco internacional que possa observar esta renegociação”, acrescentou.
Nesse sentido, a deputada destacou a importância de a comunidade internacional enxergar “as desvantagens em que se encontra o Paraguai com o ‘colosso do Itamaraty’”, em alusão à sede do Ministério das Relações Exteriores em Brasília.
González lamentou que nesses 50 anos a hidrelétrica “praticamente só serviu para o desenvolvimento do Brasil, não do Paraguai”, e defendeu que seu país precisa “da livre disponibilidade” de sua energia.
O Tratado de Itaipu, assinado em abril de 1973, determina que o Anexo C, relativo às bases financeiras e à prestação dos serviços de eletricidade da barragem, seja revisto 50 anos após a entrada em vigor deste acordo, prazo que se cumpre no próximo mês de agosto.
Por conta desse anexo, o Paraguai é obrigado a vender ao Brasil a preço de custo o excesso de sua cota de 50% da energia gerada pela hidrelétrica.
Nesse contexto, González propôs que o Paraguai seja “mais ambicioso” e busque, por ocasião deste cinquentenário, uma renegociação completa do tratado.
“Esse tratado foi negociado por um ditador, que era Alfredo Stroessner, estamos numa democracia (no Paraguai), todas as regras do jogo mudaram”, enfatizou.
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