O deputado da oposição José Manuel Olivares disse no sábado que o líder socialista Nicolás Maduro “mente” em relação aos testes realizados no país para detectar casos do vírus do PCC (Partido Comunista da China), mais conhecido como novo coronavírus, que atualmente teria 153 infectados e 5 mortos.
“Nicolás Maduro, mente e as mentiras poderão custar a vida dos venezuelanos por não terem informações reais do que ocorre. Mente sobre o número de testes realizados (para o COVID-19) e coloca a vida dos venezuelanos em risco”, disse Olivares em entrevista televisiva.
Olivares, que também é médico, diz que a Venezuela é um dos dois países que menos tem testado no mundo e que é necessário “realizar testes em massa”, pois em sua opinião é “apenas uma maneira de entender como esta enfermidade se comporta”.
“Se é verdade que existe um milhão de testes, deveria haver mais testes realizados e teríamos mais casos positivos. Com base nisso, é um projeto futuro”, comentou.
Delcy Rodriguez anunciou na semana passada à China o primeiro milênio de kits para testes rápidos do novo vírus do PCC, adicionados a outro ano anterior do país asiático.
Segundo Olivares, atualmente existe uma “taxa de contágio” de 10% do país, ou seja, “sendo conservadora, nesta fase haverá 3 milhões de venezuelanos com doença”.
O legislador, que especificou entre os assintomáticos e aqueles que poderiam precisar de algum tipo de assistência, estima 400.000 pessoas estão infectadas e determinou que o pico de um desastre poderia ocorrer em duas semanas.
Material da CITGO
“Em nosso país, não instalamos capacidade para este serviço. Em um sistema de saúde (venezuelano) onde não há capacidade, não há medicamentos”, afirmou Olivares.
Ele forneceu alguns dados sobre o assunto: “70% dos hospitais não têm água todos os dias para lavar as mãos, 60% não têm sabão, não existem máscaras, muito menos as máscaras faciais (protetores) para intubações e coisas que requerem terapia intensiva. Embora Maduro diga que existem 11.000 camas, uma cama de terapia intensiva não é um colchão, exige muito mais”.
O deputado lembrou, como o presidente interino Juan Guaidó já havia anunciado, que um orçamento de US$ 9 milhões havia sido aprovado para a compra de suprimentos médicos através da CITGO (uma subsidiária da PDVSA com sede nos Estados Unidos), embora ele não tenha detalhado como essas compras seriam feitas ou como chegariam à Venezuela.
Sem gasolina
À falta de material sanitário, Olivares acrescentou a escassez de gasolina e observou que 62% das equipes de saúde (médicos, enfermeiros e outros) não puderam ir ao hospital por não terem combustível para viajar e que cerca de 70% demoram uma média de 8 a 20 horas para reabastecer.
“Se as pessoas mais essenciais não têm acesso garantido à gasolina, para onde estamos caminhando?”, perguntou ele.
A escassez de gasolina, comum em várias áreas do país, já foi instalada em Caracas, onde as filas para reabastecimento têm quilômetros de extensão, segundo a EFE.
Nesta sexta-feira, o vice-presidente de economia da Venezuela, Tareck El Aissami, anunciou a ativação de um plano especial para o fornecimento de combustível para atender setores prioritários durante a quarentena e culpou “o bloqueio americano” pela falta de insumos para produzir gasolina.
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