Oposição nicaraguense pede que população boicote eleições municipais

Por Agência de Notícias
25/10/2022 08:15 Atualizado: 25/10/2022 08:15

O movimento político Unidade Nacional Azul e Branca da Nicarágua pediu nesta segunda-feira (24), a partir do exílio, que os nicaraguenses não participem das eleições municipais do próximo dia 6 de novembro, consideradas por ele como uma “farsa”.

“Pedimos a todos os nicaraguenses que fiquem em suas casas, rejeitem esta farsa eleitoral, não saiam para votar e, simultaneamente, exigimos a libertação de todos os presos políticos, o retorno dos exilados e a abertura a uma democracia de transição em nosso país”, disse Juan Diego Barberena, membro do Conselho Político da Unidade Nacional, em um vídeo enviado a partir do exílio a veículos de comunicação.

Um total de 3.722.884 nicaraguenses com mais de 16 anos, idade mínima para votar, estão aptos a eleger prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos 153 municípios do país no dia 6 de novembro, segundo dados do Conselho Supremo Eleitoral (CSE), que em um ano tirou o registro de 755.450 eleitores sem explicar os motivos.

Nas eleições gerais de novembro do ano passado, nas quais Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo foram reeleitos como presidente e vice-presidente, respectivamente, enquanto seus principais concorrentes estavam presos, o Poder Eleitoral convocou 4.478.334 nicaraguenses para votar.

A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que atualmente governa 141 municípios, é a favorita para obter o controle de todos os municípios nicaraguenses, devido à ilegalização de três partidos da oposição e à prisão de seus principais líderes.

Eleições sem concorrência política

Em comunicado, a Unidade Nacional pediu aos cidadãos nicaraguenses para que não votem em “eleições que serão realizadas sem qualquer tipo de concorrência política, com mais de 230 presos políticos, com as liberdades públicas e individuais dos nicaraguenses violadas (…), sem qualquer tipo de possibilidade para os cidadãos nicaraguenses escolherem livremente suas autoridades municipais”.

A Lei Eleitoral da Nicarágua, reformada em maio de 2021, proíbe a divulgação de propaganda eleitoral “que significa um apelo à abstenção”, prevendo com penas de prisão incomutável de até dois anos para quem se “aproveitar de suas funções ou poderes para pressionar seus subordinados a votar em uma determinada direção ou se abster”.

Um apelo semelhante para não votar foi feito por diferentes organizações da oposição antes das eleições gerais de 2021, nas quais a abstenção atingiu 81,5% dos eleitores, segundo o observatório de incidência eleitoral Urnas Abertas, mas o CSE, controlado pelo partido no poder, o definiu em 34,74%.

“Essa nova farsa eleitoral de Ortega vai gerar uma maior rejeição internacional e uma maior ilegitimidade interna, vai detonar a total ilegitimidade, em todos os níveis, da ditadura de Ortega e Murillo”, ressaltou Barberena.

 

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