A oposição brasileira aprovou nesta terça-feira uma audiência no Congresso com a pré-candidata venezuelana, María Corina Machado, após sua inelegibilidade, desafiando assim a postura do presidente Lula Da Silva.
A aprovação da audiência foi divulgada nesta terça-feira pelo senador Sergio Moro, do partido União Brasil, ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba que em 2017 condenou Lula a mais de nove anos de prisão por corrupção. Moro propôs a audiência pública com Machado em junho e foi aprovada por unanimidade na Comissão de Segurança do Senado em 4 de julho.
“Os democratas brasileiros não apoiam a ditadura de Maduro e a perseguição política dos candidatos da oposição”, tuitou Moro após a aprovação da audiência, que será programada por videoconferência em agosto.
As recentes declarações do senador do Paraná contrastam com a postura do presidente brasileiro de esquerda, que tem defendido a “legitimidade” do líder do regime venezuelano, Nicolás Maduro.
Ao ser questionado na semana passada sobre por que é difícil para ele considerar a Venezuela uma ditadura, Lula respondeu que a Venezuela “tem mais eleições do que o Brasil” e defendeu Maduro, dizendo que o conceito de democracia “é relativo”.
E um mês antes, Lula recebeu Maduro com honras de Estado em Brasília durante uma cúpula com líderes sul-americanos. Na época, Lula disse que ainda existiam “preconceitos” sobre a situação na Venezuela e que as acusações contra Maduro fazem parte de uma “narrativa construída contra a Venezuela”, provocando críticas nacionais e internacionais.
Após a aprovação da audiência com Machado, o senador Moro aproveitou o momento para desafiar a postura do presidente de esquerda em relação à Venezuela.
“Convidarei o presidente Lula a participar da audiência com [Machado]”, tuitou o senador em tom aparentemente irônico, junto com um artigo com as declarações de Lula sobre a desqualificação da pré-candidata venezuelana durante a reunião do Mercosul nesta terça-feira.
Diante das críticas do Paraguai e do Uruguai sobre a inelegibilidade de Machado – que consideraram uma restrição política por via administrativa “legalmente inválida” – Lula da Silva respondeu que não conhecia detalhadamente os problemas de Machado na Venezuela, mas que “vou tentar conhecê-los”.
“O que podemos contribuir (…) quem pode fazer uma conjectura, temos que discutir isso. O que não podemos fazer é isolar [a ditadura] e levar em consideração que os defeitos estão apenas de um lado”, acrescentou durante a sessão plenária.
Machado, por sua vez, agradeceu a Moro pelo apoio e disse que em breve compartilhará “com os democratas do Brasil como avançamos na libertação da Venezuela”. A data exata da audiência da pré-candidata venezuelana no Senado ainda será definida.
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