Oponentes venezuelanos denunciam ‘aumento da repressão’ contra manifestantes

Setembro passado foi o mês com mais protestos na Venezuela neste ano

11/10/2020 10:27 Atualizado: 12/10/2020 00:37

Por Agência EFE

Vários deputados da oposição venezuelana denunciaram no sábado o “aumento da repressão” que consideram que o regime de Nicolás Maduro tem feito contra os protestos ocorridos em setembro por conta da falta de gasolina.

Durante uma sessão extraordinária da Comissão Permanente do Interior, destacaram especialmente a situação em Ciudad Guayana, no estado amazônico de Bolívar, bem como no município de Guajira, no estado de Zulia (fronteira com a Colômbia), de acordo com um comunicado da Assembleia Nacional ( AN, Parlamento), com uma clara maioria da oposição.

Durante o evento, também alertaram sobre o “sequestro” do agricultor Ricardo Campos, no município de El Socorro, no centro do estado de Guárico.

A sessão foi chefiada pelo parlamentar e presidente da comissão, Freddy Valera, e nela os deputados concordaram que em várias regiões “o caos devido ao abastecimento de gasolina continua”, acrescentou a informação.

Também os legisladores José Ricardo Salazar, Ángel Álvarez e Rachid Yasbek asseguraram que embora muitos cidadãos do interior tenham que fazer longas filas para reabastecer no máximo 20 litros de gasolina no Arco Minero, área que inclui parte dos estados Bolívar, Amazonas e Delta Amacuro, “não falta combustível”.

Além disso, Valera destacou que “a gasolina se troca por gramas de ouro”, em um teste de “corrupção e cumplicidade das forças de segurança do Estado”.

Por sua vez, os deputados José Luis Pilera e Juan Carlos Velazco explicaram que em Guajira, município de maioria indígena, a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada), a Polícia e o Exército “são muito duros com a população que exige serviços, mas são indiferentes aos crimes de narcotráfico e contrabando de gasolina que ocorrem na região”.

Na opinião de Velazco, “pretendem abafar o grito de socorro do povo cansado e esgotado de tanta incompetência do regime.

Setembro passado foi o mês com mais protestos na Venezuela até agora neste ano, pois nesses 30 dias ocorreram 1.193 manifestações, segundo dados da ONG Observatorio Venezolano de Conflictividad Social (OVCS).

90% dos protestos foram motivados pela rejeição do colapso dos serviços básicos, demandas trabalhistas, saúde e alimentação, bem como pela falta de combustível, a razão inicial de muitos dos protestos em grande parte da Venezuela.

Segundo dados da OVCS, naquele mês ocorreram 74 manifestações reprimidas, obstruídas ou impedidas em 19 estados do país. Neles, uma pessoa morreu, 233 foram presos e 52 ficaram feridos.

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