Opinião: movimento “Occupy” está de volta e desta vez é marxismo explícito

Um grande apoiador do Occupy ICE é o grupo Antifa, uma coleção sombria de esquerdistas radicais propensos à violência que afirmam ser antifascistas

16/07/2018 21:38 Atualizado: 10/08/2018 10:11

Por Peter Barry Chowka

O movimento “Occupy” (Ocupar) voltou. Ao contrário do “1%” de 2011, nesta temporada seu alvo é o ICE, departamento norte-americano de imigração e alfândega (Immigration and Customs Enforcement).

No mês passado, após a má publicidade obtida pelo ICE, manifestantes de Portland, no Oregon, produziram a faísca que incendiou o mais recente movimento Occupy.

Uma pequena vigília ocorrida em 17 de junho na sede do ICE em Portland, realizada dois dias depois, acabou virando um acampamento com centenas de manifestantes, todos com a intenção de fechar o ICE.

Além de prender, deter e deportar estrangeiros sem documentação, de acordo com a agência norte-americana de fact cheking Polifact, o departamento ICE “investiga o contrabando e tráfico de pessoas; crimes financeiros e lavagem de dinheiro; atividades de quadrilhas internacionais e outros crimes”.

Os manifestantes de Portland se opõem a que o ICE faça cumprir a nova política de tolerância zero da administração Trump para aqueles que cruzam ilegalmente a fronteira rumo aos Estados Unidos. A questão ganhou popularidade devido à pretensa “separação de famílias” que propagaram aqueles que exigem fronteiras abertas, o Partido Democrata e grande parte da imprensa.

Em 19 de junho, os participantes do Occupy ICE PDX (Portland) (que foi como o chamaram), assediaram os trabalhadores no edifício do ICE quando eles tentavam voltar para suas casas após o trabalho. O Departamento de Segurança Nacional (DHS), que controla o ICE, anunciou que o edifício permaneceria fechado até nova ordem.

Ele reabriu finalmente duas semanas mais tarde, depois que oito manifestantes que tinham obstruído a entrada foram removidos à força e presos por oficiais federais. Eles foram libertados no mesmo dia. Foi colocada uma cerca e a polícia do DHS ficou a postos durante todo o dia para proteger o edifício e garantir o acesso durante o horário de expediente.

Enquanto isso, o acampamento principal com pelo menos 90 barracas ficou intacto. Mais cedo, o prefeito de Portland, uma das primeiras cidades santuário (que protegem ilegais e evitam deportações), havia tuitado uma ordem à polícia de Portland para não perturbar os acampados.

Cidades-acampamento

Occupy ICE PDX logo produziu dezenas de imitações em todo o país, para as quais Portland serviu de modelo. As redes sociais, especialmente Twitter e Facebook, e um monte de novos sites, conectaram os grupos entre si e encorajaram mais pessoas a aderir ou doar suprimentos para as cidades-acampamento.

Em uma manifestação organizada pelo grupo Socialistas Democráticos da América, ativistas marcham contra o departamento de Imigração e Alfândega (ICE) em frente a seu escritório na Federal Plaza em Nova York, em 29 de junho de 2018 (Drew Angerer/Getty Images)
Em uma manifestação organizada pelo grupo Socialistas Democráticos da América, ativistas marcham contra o departamento de Imigração e Alfândega (ICE) em frente a seu escritório na Federal Plaza em Nova York, em 29 de junho de 2018 (Drew Angerer/Getty Images)

Todos os grupos Occupy têm três objetivos principais: que não haja mais ICE, que não haja mais fronteiras e que não haja mais prisões. Em muitas de suas comunicações e cartazes eles escrevem sua frase favoritaChinga la migra!”. Migra é o nome pelo qual alguns estrangeiros e seus simpatizantes chamam os oficiais de fronteira dos Estados Unidos. Chinga é um palavrão.

Pesquisando mais a fundo nas redes sociais do Occupy ICE, encontramos que eles apoiam “direitos plenos para todos os imigrantes” (“ninguém é ilegal”) e não apenas fechar o ICE, mas também processar seus funcionários. Há referências constantes a companheiros “camaradas” e “comunas” em suas mensagens e tuits.

O movimento anterior do Occupy nos centros urbanos, que começou em setembro de 2011 como Occupy Wall Street em New York, também se espalhou por todo o país.

Aquele acampamento, que durou meses, introduziu o slogan “We are 99%” (Nós somos 99%) que, de acordo com os manifestantes, controla tudo.

Socialistas e comunistas

De acordo com uma publicação da extrema-esquerda que simpatiza com a causa do último Occupy:

“Em todo os Estados Unidos, grupos de socialistas, anarquistas, comunistas e outros grupos de esquerda estão acampando em frente aos escritórios do ICE para impedir que seus agentes e os detidos entrem e saiam do prédio”.

Entre aqueles que apoiam Occupy ICE Philadelphia estão o grupo Socialistas Philadelphia, o Partido Para o Socialismo e Libertação, Alternativa Socialista, Socialistas do Condado de Montgomery e o Tendência Internacional Marxista.

Manifestantes caminham pelas ruas do bairro Little Village pedindo o fim da Agência de Imigração e Alfândega em 29 de junho de 2018 em Chicago, Illinois (Scott Olson/Getty Images)
Manifestantes caminham pelas ruas do bairro Little Village pedindo o fim da Agência de Imigração e Alfândega em 29 de junho de 2018 em Chicago, Illinois (Scott Olson/Getty Images)

Grupos Occupy em outras cidades se vangloriam de ter apoio de vários grupos socialistas, comunistas ou marxistas similares. Por exemplo, “Red Bloom [que] é um coletivo de comunistas”, apoia firmemente OccupyNYC. O Partido Revolucionário Comunista dos EUA (“estamos construindo um movimento para a revolução!”) é outro que dá seu apoio abertamente.

O adepto mais conhecido e melhor organizado do Occupy ICE é o DSA, grupo dos Socialistas Democráticos da América. Fundado a cerca de quatro décadas atrás pelo acadêmico socialista, autor e ateu, Michael Harrington, o DSA tornou-se um grupo de extrema-esquerda nos últimos anos.

A ex-bartender de 28 anos de idade Alexandria Ocasio-Cortez, membro do DSA e socialista declarada, tornou-se conhecida recentemente ao aparecer do nada e ganhar o cargo que era ocupado pelo deputado Joe Crowley em uma eleição primária dos Democratas em Nova York. Ocasio-Cortez fez de sua oposição ao ICE o centro sua campanha. O presidente do Comitê Nacional Democrata, Tom Perez, comentou recentemente que Ocasio-Cortez representa o “futuro do partido”.

Em 2 de julho, o DSA tuitou que havia atingido 40 mil membros logo depois de adicionar 4.000 novos na semana anterior, graças à vitória fartamente divulgada de Ocasio-Cortez e a propagação do slogan “No ICE”.

Em outubro passado, Ron Radosh analisou o grupo DSA em um artigo em que ele diz: “O DSA se move desde o socialismo democrático até o totalitarismo Stanilista”. Ele concluiu que os “socialistas democráticos dos Estados Unidos provaram estar sob o risco de ficar indistinguíveis do antigo Partido Comunista norte-americano e suas práticas stalinistas”.

Outro grande apoiador do Occupy ICE é o grupo Antifa, uma coleção sombria de esquerdistas radicais propensos à violência que afirmam ser antifascistas.

Escalada

Os objetivos e as demandas do Occupy ICE estão alcançando os escalões superiores da política. Vários líderes do Partido Democrata incluindo senadores e potenciais candidatos presidenciais como Elizabeth Warren, Kamala Harris e Kirsten Gillibrand, têm apoiado a principal demanda do Occupy ICE de fechar definitivamente a agência.

Um membro proeminente do DSA e apoio do Occupy ICE, Jabari Brisport, está ajudando a empurrar ainda mais as demandas do Occupy ICE para a esquerda. Recentemente ele mandou um tuít para outro socialista dizendo: “Vamos fazer do lema ‘acabar com o ICE’ uma posição central e ‘ processar o ICE’ a posição mais à esquerda.” O tuít de Brisport pedindo abertura de processos criminais contra os funcionários do ICE teve mais de 4.000 retuits e 22 mil likes.

Agora que Occupy ICE conseguiu fazer com que suas demandas alcançassem todo o país, eles estão prometendo melhorar suas táticas, incluindo aparentemente evitar a não-violência. Em 7 de julho, uma declaração da “Zona Temporariamente Autônoma” (acampamento do Occupy ICE em Portland) dizia:

“Nossas ações até agora têm sido não-violentas […] Ações passivas são geralmente ineficazes e podem até mesmo tolher os movimentos sociais reais, já que as pessoas se tornam complacentes com a passividade […] Confrontados com a opressão violenta e a repressão, as pessoas têm o direito de responder com os meios necessários para se proteger, proteger seus entes queridos, suas terras e águas… Queremos acabar com um sistema, não apenas com um edifício”.

Como próximo passo, Occupy ICE está promovendo um Dia Nacional de Ação Contra o ICE para amanhã (17) em cidades de todo o país.

Siga Peter Barry Chowka no Twitter: @pchowka