Por Frank Fang, Epoch Times
O maior provedor de telecomunicações móveis do Japão, a NTT Docomo, aderiu a uma lista crescente de governos e empresas em todo o mundo que proibiram a Huawei de participar do lançamento de redes 5G.
Jun Sawada, presidente e diretor executivo da NTT Docomo, confirmou que a empresa não comprará equipamentos Huawei para sua rede 5G, em entrevista à agência de notícias japonesa Kyodo News, em Barcelona, na Espanha, no dia 26 de fevereiro. A Cidade espanhola fez parte do Congresso Mundial de Telefonia Móvel, que começou em 25 de fevereiro e durou quatro dias.
Sawada explicou o motivo por trás da decisão: Docomo poderia perder compromissos de negócios com o governo dos Estados Unidos e com empresas americanas, pois os Estados Unidos alertaram continuamente sobre os riscos de segurança dos produtos da Huawei e praticamente excluíram a empresa de seu mercado.
A administração dos Estados Unidos disse que os laços estreitos entre a Huawei e Pequim deixam os produtos da empresa, incluindo equipamentos de rede 5G, suscetíveis à espionagem pelo regime chinês.
Enquanto isso, a Docomo planeja montar um centro de pesquisa no Vale do Silício, na Califórnia, em julho, segundo a Kyodo News.
De acordo com um comunicado de imprensa no site da Docomo anunciando sua participação no Mobile World Congress, a empresa planeja lançar comercialmente o serviço 5G no Japão em setembro deste ano, com um lançamento oficial previsto para 2020.
A declaração de Sawada veio como uma confirmação para um relatório da mídia japonesa Nikkei, de dezembro de 2018, de que a Docomo, bem como outras duas principais operadoras de telecomunicações no Japão, Softbank e KDDI, tinham planos de rejeitar o equipamento 5G da Huawei.
Atualmente, a SoftBank é a única grande operadora de telecomunicações do Japão que utiliza equipamentos da Huawei, bem como de sua concorrente doméstica ZTE, para sua rede 4G, segundo a Nikkei.
A 5G é a próxima geração de tecnologia sem fio, que, segundo especialistas, pode revolucionar muitos setores, estimular o crescimento econômico, impulsionar a inovação e melhorar os padrões de vida. Consequentemente, as redes 5G devem se tornar parte da infraestrutura crítica de cada país.
Portanto, se as redes falharem ou forem deliberadamente sabotadas em um ataque cibernético, as consequências poderão ser significativamente mais graves.
“O que preocupa as pessoas é que você não vai usar o 5G apenas para smartphones e consumidores; você conectará, ao longo do tempo, a infraestrutura que está no cerne de nossas sociedades”, disse Thomas Noren, da Ericsson, à Reuters em 27 de fevereiro. Noren é responsável pela comercialização de 5G nas redes da área de negócios da empresa de telecomunicações sueca.
Nos Estados Unidos, as redes 5G serão construídas principalmente a partir de equipamentos fornecidos pela Ericsson e pela empresa finlandesa Nokia, segundo a Reuters.
Fan Shih-ping, professor do Instituto de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Nacional Normal de Taiwan, em Taipei, também falou sobre os perigos dos equipamentos da Huawei em escala global, durante uma recente entrevista à filial de Taiwan do Epoch Times.
“A alta tecnologia da Huawei impulsiona o autoritarismo digital”, disse Fan, explicando que Pequim utiliza a tecnologia para ajudar a impor seu domínio, como o Golden Shield Project, que criou o firewall da Internet que censura informações do mundo livre e o sistema Skynet, por meio do qual o regime chinês planeja cobrir o país inteiro com câmeras de vigilância que utilizam inteligência artificial para monitorar os cidadãos. Ele acrescentou que a Huawei desempenhou um papel importante nessas duas tecnologias.
O regime chinês também exporta essas tecnologias para países em desenvolvimento (câmeras de vigilância da Huawei no Equador) e regimes autoritários (o programa de identificação inteligente da ZTE na Venezuela) em todo o mundo.
“Se esta tecnologia de vigilância for impulsionada globalmente, seria uma enorme ameaça para os países democráticos”, concluiu Fan.
A Reuters contribuiu com este artigo.