ONU orienta humanidade a reduzir consumo de carne para evitar aquecimento global

Alteração na dieta mundial poderia, até 2050, liberar milhões de quilômetros quadrados de terra e reduzir as emissões de CO2 em até oito bilhões de toneladas por ano

08/08/2019 19:19 Atualizado: 08/08/2019 19:19

Por Bruna de Pieri, Terça Livre

Um relatório da ONU concluiu que o consumo global de carne precisa diminuir para conter o aquecimento global, reduzir a pressão crescente sobre a terra e a água e melhorar a segurança alimentar, a saúde e a biodiversidade.

O documento apoia a redução do consumo de carne por meio de dietas com base em plantas e produtos de origem animal com fontes sustentáveis.

“Nós não queremos dizer às pessoas o que elas devem comer”, afirmou o ecologista Hans-Otto Pörtner, que é co-presidente de um grupo do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

“Mas seria de fato benéfico, tanto para o clima quanto para a saúde humana, se as pessoas de muitos países ricos consumissem menos carne, e se as políticas locais tivessem incentivos para esse efeito.”

O IPCC ainda incluiu a necessidade de realizar mudanças no uso do solo para limitar o aquecimento global em uma temperatura abaixo de 2º C — meta prevista pelo Acordo de Paris, em 2015. Só a agricultura e a silvicultura (cultivo de florestas para atender ao mercado) representam 23% das emissões humanas de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

O estudo foi feito por cem especialistas nos últimos meses. Estes especialistas destacaram ainda o impacto da desflorestação. De acordo com as informações do relatório, a Amazônia seria um reservatório de carbono gigante, atuando como refrigerador da temperatura global. No entanto, a desflorestação aumenta rapidamente no local.

Outro problema seria o gado, sobretudo as vacas, que produziriam uma grande quantidade de metano enquanto fazem digestão de alimentos. O relatório afirma que uma dieta à base de plantas seria fundamental para os problemas ambientais e de saúde.

A alteração na dieta mundial poderia, até 2050, liberar milhões de quilômetros quadrados de terra e reduzir as emissões de CO2 em até oito bilhões de toneladas por ano.