A decisão de Israel de declarar como “persona non grata” nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, “é meramente uma declaração política e não legal”, já que as Nações Unidas não reconhecem essa figura, explicou o porta-voz do diplomata português na instituição, Stéphane Dujarric.
“Vemos esse anúncio como uma declaração política do primeiro-ministro (israelense) e também como mais um ataque do governo israelense contra os funcionários da ONU. Continuamos nossos contatos com Israel em níveis operacionais e outros, porque precisamos fazê-lo”, disse Dujarric, que reiterou que a medida não tem efeito legal.
Sobre o fato de o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, ter dito que proíbe a entrada de Guterres no país, Dujarric minimizou a importância de tal fala, argumentando que qualquer viagem do secretário-geral é feita a convite de um país. No entanto, o porta-voz reconheceu que isso pode afetar uma eventual visita à Faixa de Gaza, já que a entrada no enclave exige uma permissão de Israel.
Dujarric lembrou que outros governos de outros países usaram a mesma expressão (persona non grata) no passado com outros representantes da organização, mas ressaltou que, em seus 24 anos na ONU, nunca tinha visto uma declaração desse calibre contra um secretário-geral ou “esse tipo de linguagem sendo usada”.
O porta-voz também recordou que os atritos com a ONU não afetam apenas Guterres, mas també, por exemplo, Philippe Lazzarini, o alto comissário da Agência de Assistência aos Palestinos (URNWA), que não pôde entrar em Gaza e recentemente teve negada a renovação de seu visto para Israel.