ONU denuncia 63 detenções arbitrárias na Nicarágua em maio

Por Agência de Notícias
02/06/2023 12:53 Atualizado: 02/06/2023 12:53

Pelo menos 63 pessoas foram detidas arbitrariamente em maio na Nicarágua, um sinal de que o regime de Daniel Ortega continua “silenciando qualquer voz crítica ou dissidente no país e usando o sistema judicial para esse fim”, segundo denunciou nesta sexta-feira o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).

Em um único dia, 3 de maio, 55 pessoas foram acusadas dos crimes de atentado à integridade nacional e divulgação de notícias falsas, frequentemente utilizados para silenciar críticos do governo, acrescentou em entrevista coletiva a porta-voz do ACNUDH, Marta Hurtado.

“Durante as suas audiências de custódia nenhum dos 55 acusados pôde escolher seu advogado e foram representados por um defensor público que lhes foi imposto”, afirmou a porta-voz, que indicou que entre estes detidos há ativistas dos direitos humanos, membros da oposição, jornalistas e pessoas ligadas à Igreja Católica.

Em relação a este último grupo, Hurtado também destacou que nesta semana três religiosas estrangeiras foram expulsas da Nicarágua e muitas outras foram proibidas de deixar seu convento em Santa Luisa de Marillac, no norte do país, enquanto quatro padres e quatro funcionários eclesiásticos foram presos entre 21 e 23 de maio.

A porta-voz também lembrou que o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, cumpre uma pena de 26 anos de prisão por atentar contra a integridade nacional e divulgar notícias falsas na prisão La Modelo, em Tipitapa, perto de Manágua.

“Desde 25 de março, não tem permissão para receber visitas, e nosso escritório foi informado de que sua cela carece de medidas adequadas de higiene e limpeza, não tem luz natural e ele não tem permissão para sair, condições que violam os padrões internacionais de direitos humanos”, advertiu.

Hurtado relatou ainda que pelo menos três das nove dioceses católicas da Nicarágua sofreram o bloqueio de suas contas bancárias após serem acusadas de lavagem de dinheiro, com o governo chegando a acusar a Igreja de ser uma organização criminosa que apoia o terrorismo e a desestabilização do país.

Também em maio, a Corte Suprema de Justiça da Nicarágua confirmou a cassação de 26 advogados e notários por serem críticos do regime, alguns deles destacados defensores dos direitos humanos, que em quase todos os casos já haviam perdido sua nacionalidade ​​junto com outras 292 pessoas.

“Pedimos às autoridades que parem a campanha contra a dissidência, libertem imediatamente todos os detidos de forma arbitrária e restaurem o status legal de todas as organizações e meios de comunicação que foram fechados arbitrariamente (mais de 3.200) desde 2018”, destacou.

“Também pedimos ao governo que enfrente a crise atual por meio do diálogo, da prestação de contas pelas violações de direitos humanos e de reformas institucionais e legislativas que restaurem o Estado de direito”, completou.

Edição: Renato Pernambucano

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