Várias pessoas que trabalharam como testemunhas eleitorais nas eleições presidenciais na Venezuela para garantir a transparência e legalidade do processo, bem como cidadãos que protestaram contra os resultados dos pleitos, foram detidos pela polícia, que, segundo afirmaram uma ONG e políticos opositores, está realizando operações de busca por essas pessoas em diversas regiões do país.
O partido Primeiro Justiça (PJ) denunciou na rede social X que dois de seus coordenadores nos estados de Aragua (norte) e Guárico (centro) foram detidos nas últimas horas, assim como dezenas de pessoas em outras regiões do país, depois de terem trabalhado como testemunhas nas eleições a favor da principal coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD).
As denuncias afirmam que estas detenções fazem parte de uma “investida” do governo para “criminalizar os venezuelanos que exigem a publicação completa” dos resultados eleitorais, já que o boletim oficial – com apenas 80% dos registros de votação e com fraudes confirmadas – declarou como vencedor o ditador, Nicolás Maduro, enquanto a PUD garante que seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu por ampla margem comprovada pelas atas recuperadas após término da votação.
A organização não-governamental Foro Penal, que lidera a defesa dos considerados presos políticos no país, afirmou à Agência EFE que tem conhecimento de vários casos de pessoas que foram detidas em suas casas desde segunda-feira, quando eclodiram numerosos protestos em rejeição ao resultado.
Até a tarde de quinta-feira, a ONG havia verificado 711 detenções relacionadas com as denúncias de fraude eleitoral e a violência desencadeada nos protestos – que resultou nas mortes de 11 civis e de um soldado – embora Maduro tenha garantido que há mais de 1.200 detidos e que as autoridades estavam buscando por “outros mil”, já que rotulam os que participam desses protestos como violentos e golpistas.
Além disso, têm circulado nas redes sociais vídeos que mostram policiais ou soldados prendendo pessoas – testemunhas eleitorais do PUD -, embora em alguns casos os agentes tenham sido repelidos por populares.
As autoridades militares e policiais, parte integrante do regime chavista, asseguram que a proibição de reuniões e manifestações públicas continua em vigor, embora membros da ditadura tenham realizado dois eventos públicos em Caracas em apoio a Maduro com centenas de pessoas, sem que qualquer ação dissuasora tenha sido efetuada pelos fardados.