Pela Reuters
PROVÍNCIA DEIR AL-ZOR, Síria – Milhares de pessoas ainda podem ser deixadas no último enclave do grupo terrorista ISIS no leste da Síria, disseram as Forças Democráticas Sírias (SDF) apoiadas pelos Estados Unidos, enquanto as ondas de evacuação da pequena área continuavam em 7 de março.
A SDF disse que quer garantir que todos os civis tenham sido evacuados antes de lançar um ataque final ao enclave sitiado de Baghouz. É o último fragmento do território povoado mantido pelo ISIS, que outrora controlava as áreas do Iraque e da Síria.
“Ainda estamos ouvindo sobre a presença de milhares de pessoas dentro de Baghouz”, disse Mustafa Bali, porta-voz da SDF, à TV Al Hadath.
“Esperamos uma feroz batalha mais tarde, após o fim da evacuação civil, uma vez que aqueles que permanecerão em Baghouz são os que têm a ideologia jihadista salafista e aqueles para quem se render não é uma opção”, disse ele.
Mesmo com sua derrota em Baghouz iminente, o ISIS ainda é considerado uma ameaça à segurança, com suas posições em áreas remotas e a capacidade de montar ataques de guerrilha.
Muitos milhares de pessoas, muitas delas as famílias dos terroristas do Estado Islâmico, saíram de Baghouz nas últimas semanas. Centenas de terroristas do ISIS também se renderam, conforme a SDF.
Um desses homens que saíram de Baghouz, Abu Mujahid, disse à Reuters que veio à Síria em 2015 da região de Xinjiang, no extremo oeste da China, também conhecida como Turquestão Oriental, que abriga uma minoria considerável de população muçulmana.
“Eu vim da China para cá (Síria) por causa da injustiça. Há muita injustiça na China e não podemos viver com ela ”, disse ele.
Outro homem, Abu Ali Shishani, disse que ele veio da região russa da Chechênia.
A SDF anunciou que estava lançando uma batalha final pelo enclave no mês passado, mas diminuiu seu ataque para permitir a saída de civis.
O comandante da SDF, Adnan Afrin, disse em 7 de março, que esperava que as evacuações fossem “concluídas hoje”.
‘Longe de acabar’
Em 6 de março, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora a guerra, disse que os preparativos estão em andamento no leste da Síria para anunciar o fim do ISIS. Mas o coronel Sean Ryan, porta-voz da coalizão liderada pelos Estados Unidos apoiando a SDF, disse que a força internacional “aprendeu a não colocar nenhum cronograma na última batalha”.
O ISIS sofreu suas principais derrotas militares em 2017, quando foi expulso da cidade iraquiana de Mosul, e sua sede síria em Raqqa, pelas forças locais apoiadas por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
O chefe do Comando Central das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Joseph Votel, disse em 7 de março, que a redução da tomada territorial do Estado Islâmico era uma “realização militar monumental”, mas a luta estava “longe de terminar”.
“O que estamos vendo agora não é a rendição do ISIS como uma organização”, disse ele em uma audiência do Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
Em vez disso, ele afirmou que foi a “decisão calculada do grupo de preservar a segurança de suas famílias e a preservação de suas capacidades, arriscando-se em acampamentos para deslocados internos e indo paracáreas remotas e esperando o momento certo para ressurgir”.
Votel, que supervisiona as forças norte-americanas no Oriente Médio, disse que não estava sob pressão para retirar forças da Síria por qualquer data específica depois que o presidente Donald Trump ordenou a retirada da maioria das tropas norte-americanas da Síria.