OCDE diz que adesão da Argentina irá além do governo Milei

Por Verônica Dalto e EFE
31/08/2024 15:50 Atualizado: 31/08/2024 15:50

O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o australiano Mathias Cormann, disse nesta sexta-feira (30) que a adesão da Argentina à organização irá além do governo de Javier Milei.

“Este é um processo iniciado pelo presidente Milei, mas é um processo que levará tempo para ser concluído e irá além do mandato de um único governo”, afirmou Cormann em declaração conjunta com a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, na sede da Chancelaria do país.

Segundo o secretário-geral, “será uma maratona, não uma corrida rápida, e por isso a Argentina precisará de amplo apoio político” para apoiar a ambição de ingressar na OCDE.

Cormann e equipe encerrarão uma visita de dois dias ao país nesta sexta-feira com uma reunião com Milei, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores argentino. A comitiva também se encontrou com grande parte do gabinete de ministros, com governadores de províncias, legisladores do partido governista e da oposição, representantes de sindicatos, empresários e acadêmicos.

O secretário-geral da OCDE descreveu as reuniões como “construtivas” e “positivas”.

“Ficamos impressionados com o nível de comprometimento, entusiasmo e determinação no processo” de adesão à organização, disse Cormann, que também enfatizou que em todas as reuniões percebeu “um verdadeiro senso de comprometimento e determinação para aproveitar essa oportunidade de colocar a Argentina em uma base sólida”.

Em 11 de dezembro de 2023, um dia depois de Milei assumir a presidência da Argentina, o país aceitou formalmente a proposta da OCDE – organização fundada em 1961 e composta por 38 países membros – para ingressar na organização. Ela que havia sido apresentada em janeiro de 2022, mas foi deixada de lado pelo então presidente, Alberto Fernández.

Em maio, o Conselho de Ministros da OCDE anunciou formalmente o “roteiro” para a adesão da Argentina e, como parte desse processo, o país está trabalhando no “memorando inicial”, que conterá uma autoavaliação sobre o grau de alinhamento com as práticas da organização.

O secretário-geral da OCDE previu que “até o final do ano” a Argentina “estará em condições” de apresentar esse memorando inicial, que será estudado pelos 26 comitês de avaliação da organização em um processo que se espera seja “extenso” e “rigoroso”.

“A adesão à OCDE é um dos objetivos prioritários do país”, disse Mondino, que considerou que “houve uma mensagem clara” de Milei para “declarar que esse pacto de adesão é de interesse nacional” e o descreveu como uma “ferramenta que legitima as reformas pelas quais a Argentina está passando”.

Cormann afirmou que “não há dúvida sobre o desafio social muito sério” que Milei tem em suas mãos, para quem “reduzir a inflação é uma prioridade fundamental”, algo que a OCDE apoia.