O que Trump tem feito para prevenir Irã de adquirir uma arma nuclear

28/12/2017 04:19 Atualizado: 28/12/2017 04:19

O presidente estadunidense Donald Trump anunciou recentemente novas ações contra o regime do Irã para preveni-lo de desenvolver uma arma nuclear.

Sob o acordo atual alcançado com a gestão Obama em 2015, o Irã certamente será capaz de desenvolver uma arma nuclear até 2026, quando restrições-chave cessarão de funcionar.

Apontando para a Coreia do Norte como um exemplo, Trump disse que a história mostrou que um problema torna-se mais perigoso quanto mais prorrogada é a tomada de uma ação.

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“[Nós iremos] enfrentar as ações hostis do Irã para garantir que o Irã nunca, e eu quero dizer nunca, adquirirá uma arma nuclear”, disse Trump na Casa Branca.

As três principais ações tomadas por Trump são para não revalidar o acordo com o Congresso; tentar renegociar as partes do acordo atual; e impor sanções adicionais à Guarda Revolucionária Iraniana.

Uma revalidação do presidente para o Congresso é exigida a cada 90 dias sob a Lei de Revisão do Acordo Nuclear do Irã de 2015 (INARA). O Congresso aprovou o ato depois que ficou claro que Obama não enviaria o acordo nuclear para avaliação e votação no Congresso.

EUA, Trump, Irã, acordo nuclear - O ex-presidente estadunidense Barack Obama, acompanhado do vice-presidente Joe Biden, fala sobre o Acordo Nuclear Iraniano em 14 de julho de 2015 (Andrew Harnik/Getty Images)
O ex-presidente estadunidense Barack Obama, acompanhado do vice-presidente Joe Biden, fala sobre o Acordo Nuclear Iraniano em 14 de julho de 2015 (Andrew Harnik/Getty Images)

A revalidação avalia se o alívio de sanções concedido ao regime iraniano é proporcional aos seus esforços para limitar suas armas nucleares.

Trump disse que, após meses de revisão, sua gestão determinou que esse não é o caso.

“Com base no registro factual que mencionei, eu anuncio hoje [13 de outubro] que não podemos e não iremos certificar isso”, disse Trump.

Com Trump não revalidando o acordo INARA, cabe agora ao Congresso decidir como proceder. Há três opções: não fazer nada e manter os Estados Unidos no acordo; reintroduzir sanções contra o regime iraniano; ou manter a INARA, mas criar “critérios de gatilho” específicos que, se violados, reintroduziriam automaticamente as sanções.

H.R. McMaster, o assessor de segurança nacional, disse numa conferência em 12 de outubro que a gestão Trump já conversou com líderes do Congresso e que há muito suporte bipartidário sobre a questão.

EUA, Trump, Irã, acordo nuclear - H.R. McMaster, o assessor estadunidense de segurança nacional, e Nikki Haley (centro), a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, respondem a perguntas numa conferência de imprensa na Casa Branca em Washington, D.C., em 15 de setembro de 2017 (Win McNamee/Getty Images)
H.R. McMaster, o assessor estadunidense de segurança nacional, e Nikki Haley (centro), a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, respondem a perguntas numa conferência de imprensa na Casa Branca em Washington, D.C., em 15 de setembro de 2017 (Win McNamee/Getty Images)

A gestão Trump também abordará alguns dos problemas fundamentais do próprio acordo nuclear, que é separado da certificação da INARA para o Congresso.

Nos termos do acordo, oficialmente denominado Plano Global de Ação Conjunta (JCPOA), o Irã suspendeu temporariamente seu programa nuclear em troca do alívio de sanções e da liberação de mais de US$ 100 bilhões em ativos congelados nos EUA.

No entanto, após 10 anos, em 2026, o Irã terá permissão para instalar milhares de centrífugas avançadas, que os especialistas dizem que possibilitará o desenvolvimento de uma arma nuclear num prazo de seis meses.

“O relógio está avançando; nós sabemos quando é a data limite”, disse Rex Tillerson, o secretário de Estado, durante uma apresentação.

EUA, Trump, Irã, acordo nuclear - Rex Tillerson, o secretário de Estado dos EUA, faz uma declaração no Departamento de Estado em Washington, D.C., em 4 de outubro de 2017 (Win McNamee/Getty Images)
Rex Tillerson, o secretário de Estado dos EUA, faz uma declaração no Departamento de Estado em Washington, D.C., em 4 de outubro de 2017 (Win McNamee/Getty Images)

Trump disse que sua administração tomará medidas para resolver o prazo das sanções, bem como o desenvolvimento pelo Irã de tecnologia de mísseis balísticos. Isso será feito por meio da renegociação de uma parte do acordo ou pela negociação de um acordo separado.

Trump disse que, se sua administração não puder chegar a um acordo com o Irã e com os outros signatários do acordo nuclear, ele terminará o acordo.

“Isso pode ser encerrado por mim a qualquer momento”, disse Trump.

EUA, Trump, Irã, acordo nuclear - O presidente estadunidense Donald Trump fala sobre o acordo nuclear iraniano no Salão Diplomático da Casa Branca em Washington, D.C., em 13 de outubro de 2017 (Kevin Lamarque/Reuters)
O presidente estadunidense Donald Trump fala sobre o acordo nuclear iraniano no Salão Diplomático da Casa Branca em Washington, D.C., em 13 de outubro de 2017 (Kevin Lamarque/Reuters)

Descrevendo o governo do Irã como “um regime fanático que assumiu o poder em 1979”, Trump disse que o Irã “espalha a morte, a destruição e o caos em todo o mundo”.

O Irã continua a ser um dos principais patrocinadores estatais do terrorismo no mundo. Ele fornece ao regime sírio armas e outras ajudas militares, fornece financiamento para o grupo terrorista do Hezbollah e apoia outros combatentes radicais em todo o Oriente Médio.

“A agressão da ditadura iraniana continua até hoje”, disse Trump, apontando para a supressão do próprio povo e sua hostilidade contra os Estados Unidos e Israel.

EUA, Trump, Irã, acordo nuclear - Um mural anti-EUA é visto num prédio em Teerã, Irã, em 13 de outubro de 2017 (Nazanin Tabatabaee Yazdi/TIMA via Reuters)
Um mural anti-EUA é visto num prédio em Teerã, Irã, em 13 de outubro de 2017 (Nazanin Tabatabaee Yazdi/TIMA via Reuters)

Trump referiu-se as exclamações frequentes de “morte à América” ​​e “morte a Israel” usadas pelo regime iraniano.

Ele disse que deu instruções ao secretário do tesouro, Steven Mnuchin, para impor novas sanções à Guarda Revolucionária Iraniana por seu apoio ao terrorismo.

As sanções visarão indivíduos e recursos iranianos específicos, como especialistas em armas e ciberatividade que apoiam o terrorismo.

“Rezamos por um futuro em que jovens, americanos e iranianos… possam crescer num mundo livre do ódio”, disse Trump, dizendo que até lá “faremos o que for necessário para manter a América segura”.