O que está acontecendo com a Coreia do Norte

19/04/2017 Mundo

Algo grande está se formando na Península Coreana. A Coreia do Norte pode lançar seu sexto teste nuclear. Coreia do Sul e Japão estão em alerta. Os Estados Unidos enviaram o grupo Carl Vinson Strike para a região. A China enviou 150 mil soldados à fronteira norte-coreana.

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, conversaram sobre a Coreia do Norte e seus programas de armamentos. Eles pareceram haver chegado a um acordo. Contudo, não ficou claro o que os dois países fariam.

A posição da China antes era obscura. Tem sido aliada de longa data da Coreia do Norte, mas nos últimos anos se distanciou do seu vizinho. Cumpriu com as sanções da ONU para pressionar a Coreia do Norte a cessar seus testes com mísseis e testes nucleares, mas também se opôs aos Estados Unidos de implantarem o sistema de defesa anti-mísseis THAAD na Coreia do Sul.

Então, qual é a atitude da China sobre a Coreia do Norte como conflito parece iminente?

“Os programas de armas da Coreia do Norte têm sido apoiados pela China ─ seus programas de armas nucleares, seus suprimentos alimentares, sua economia são alimentados pela China. Isso sabemos. O que muitas pessoas não sabem é que a Coreia do Norte não é amigável para a liderança atual. Eles não são amigáveis ​​para Xi Jinping, especialmente depois da chegada de Kim Jong-Un ao poder. Eles são amigáveis ​​é com a facção de Jiang, a facção chinesa liderada pelos ex-líderes comunistas chineses Jiang Zemin e Hu Jintao. A facção de Jiang está trabalhando contra Xi Jinping, que atualmente está no poder. É do interesse de Xi Jinping impedir a Coreia do Norte de desenvolver programas de armas nucleares e de se tornar mais poderosa”, disse Joshua Philipp, analista sobre China do Epoch Times.

“A China não quer necessariamente que os Estados Unidos implantem sistemas antimísseis nucleares porque isto também degrada sua segurança em termos de poder fazer ameaças e ter voz em termos de defesa, razão pela qual estava bloqueando o THAAD. Ao mesmo tempo, isso também serve ao interesse da China, porque ela também não quer a Coreia do Norte lançando mísseis e testando armas e sendo imprudente”.

Kim Jong-Un inspeciona o comando de uma unidade do Exército Popular da Coreia (KNS/AFP/Getty Images)
Kim Jong-Un inspeciona o comando de uma unidade do Exército Popular da Coreia (KNS/AFP/Getty Images)

Tem havido numeross informes de que a China está enviando um grande número de tropas para a fronteira da Coreia do Norte. Diferentes razões foram citadas para a mudança. Alguns disseram que é para mostrar apoio aos Estados Unidos, enquanto outros pensam que está defendendo a Coreia do Norte. Philipp pensa que a China pode estar se preparando para um afluxo de refugiados.

“Uma das maiores preocupações do governo chinês com a Coreia do Norte, um possível colapso do regime na Coreia do Norte, é uma crise de refugiados. Eles estão preocupados de que os refugiados da Coreia do Norte venham a se despejar sobre sua fronteira e eles venham a ter de lidar com isso. Então, torna-se um problema da China, não um problema da Coreia do Norte. E assim, deslocar as tropas para a fronteira parece ter sido um acordo positivo entre os Estados Unidos e a China ─ se considerarmos as reações de Xi Jinping e Donald Trump após a reunião, parece que eles chegaram a alguma solução positiva. Esta parece ser a solução positiva, que a China estaria se posicionando para um colapso do regime norte-coreano. Isto é o que aparenta, trata-se apenas de uma análise por agora. Os Estados Unidos parecem que irão fazer alguma coisa. Ou realizar algo para destruir os programas de armas nucleares na Coreia do Norte, forçar o líder norte-coreano a renunciar, não está claro. Mas algo grande está ocorrendo. Podemos assumir isso”, disse Philipp.

A mídia estatal norte-coreana afirmou que o regime lançará um ataque nuclear contra os Estados Unidos ante qualquer sinal de agressão. Ele tem recorrentemente exibido suas habilidades nucleares, mas, na realidade, não existe o perigo de um míssil chegar aos Estados Unidos.

“A Coreia do Norte alega que possui armas nucleares de longo alcance. Eu não acho que eles possuem. E analistas de defesa diriam o mesmo. Pela força dos testes com armas nucleares que eles já realizaram, você pode dizer que eles estão longe do que eles dizem ser. É também muito improvável que eles possuam qualquer coisa que possa ter qualquer alcance real para isso. E se o fizeram, os Estados Unidos agora têm o sistema THAAD implantado na Coreia do Sul, o qual pode interceptar essas armas”, disse Philipp.

Atualmente, essa é a maior ameaça à vizinhança da Coreia do Sul. É improvável que ela seja atingida por um míssil nuclear, mas o Norte pode lançar outros ataques.

“Alegadamente, a Coreia do Norte tem em suas colinas todos os tipos de sistemas de armas apontados para o sul. Esta é a maior preocupação de Seul, de que a Coreia do Norte, conforme estiver perdendo, simplesmente começe a alvejar o país aleatoriamente. Você pode interceptar os mísseis grandes. As pequenas bombas são as mais difíceis de interceptar”, disse Philipp.

Há ainda uma outra preocupação que o regime norte-coreano pode colocar seus próprios cidadãos na linha para permanecer no poder.

“Há uma possibilidade remota de que a Coreia do Norte possa tomar o seu próprio como refém. Países estrangeiros não poderiam intervir se a Coreia do Norte ameaçar matar seu próprio povo. Isso também é algo que precisa ser considerado, por mais louco que aparente ser. Você está lidando com um líder muito instável. Você está lidando com a Coreia do Norte, então tudo é possível”, disse Philipp.

Ele acrescentou que provavelmente não haja perigo para os cidadãos japoneses. No entanto, a Coreia do Sul pode precisar da ajuda do Japão e dos Estados Unidos caso o Norte lance contra eles com morteiros e foguetes.