Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
As autoridades de Gaza disseram, no início de outubro, que mais de 42.000 pessoas foram mortas na Faixa desde os ataques aéreos e operações terrestres de Israel em resposta ao ataque terrorista do Hamas.
Alguns estimam que o número de mortos pode ser ainda maior — ultrapassando 186.000 — considerando os desaparecidos, cujos corpos estariam presumivelmente soterrados nos escombros, e a escassez de alimentos, água e medicamentos na área. Essas baixas ocorreram na guerra que começou após o ataque surpresa do Hamas em comunidades israelenses em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.200 pessoas, na maioria civis israelenses.
Contudo, esses números — que alimentaram acusações de “genocídio” contra Israel — baseiam-se em informações de um ministério de saúde sob controle do Hamas. Defensores de Israel afirmam que esses dados podem estar incorretos ou até manipulados, citando anomalias estatísticas e a dificuldade de precisar quantos dos mortos são combatentes.
A natureza controversa dessa questão ficou em evidência na primavera, quando a ONU, que usava números ainda maiores de baixas civis fornecidos pelo Escritório de Mídia do Governo de Gaza, controlado pelo Hamas, reduziu esses números para outros, um pouco mais baixos, fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza, também controlado pelo Hamas.
Em 22 de abril, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (ECAH) relatou 34.151 mortes, incluindo 14.500 crianças e 9.500 mulheres.
Mas, menos de três semanas depois, em 8 de maio, uma atualização do ECAH indicou 24.686 mortos, incluindo 7.797 crianças e 4.959 mulheres, com mais de 10.000 desaparecidos.
“Para observadores acompanhando o conflito, deveria estar claro, desde o início da guerra, que os dados publicados pelo Hamas e seus afiliados requerem um escrutínio rigoroso”, escreveu Joe Truzman, analista sênior da Foundation for Defense of Democracies.
“A decisão tardia da ONU de corrigir os números de baixas é bem-vinda, mas talvez seja tarde demais para reverter os danos já causados. O atraso fortaleceu a posição do Hamas e aumentou suas chances de sobrevivência no conflito”.
As estatísticas do Ministério da Saúde também foram usadas para acusar Israel de genocídio, mesmo com alguns considerando-as imprecisas ou manipuladas.
Quem questiona a precisão dos dados do ministério aponta dados suspeitos, como o aumento do número de mortos por quantias quase idênticas diariamente no início da guerra.
Eles questionam a fonte dos dados: as autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007.
Essas autoridades de saúde não distinguem entre combatentes, considerados alvos legítimos em guerra, e civis, cujas mortes são consideradas danos colaterais.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), contra-almirante Daniel Hagari, afirmou em agosto que, até aquele momento, pelo menos 17.000 das mortes eram de combatentes do Hamas. Esses números provavelmente aumentaram.
Dos demais mortos, destacar as mortes de mulheres e crianças obscurece o fato de que o Hamas considera “criança” qualquer pessoa com menos de 20 anos e costuma usar meninos de apenas 14 anos como combatentes, explicou o professor Norman Fenton ao Epoch Times.
Fenton, matemático especializado em risco, probabilidade e estatística, é professor emérito da Queen Mary University de Londres, consultor e perito em estatística forense.
Ele destacou um relatório publicado pelo professor de estatística Abraham Wyner, da Wharton School da Universidade da Pensilvânia. Ao estudar os relatórios diários de estatísticas do Ministério da Saúde de Gaza no início da guerra, Wyner encontrou diversas anomalias. Ele publicou seu artigo no Tablet, uma revista de interesse judaico.
Por exemplo, ele observou que o número de baixas aumentava quase linearmente todos os dias, de final de outubro a meados de novembro de 2023.
“Essa regularidade quase certamente não é real”, escreveu Wyner. “Esperaríamos bastante variação de um dia para o outro. Na verdade, a contagem diária de baixas relatada nesse período é em média 270, com variação de cerca de 15%.
“Essa é uma variação notavelmente pequena. Deveriam haver dias com o dobro da média ou mais, e outros com metade ou menos.
“Talvez o que esteja acontecendo seja [que] o ministério de Gaza esteja divulgando números diários falsos, com pouca variação, porque não entendem claramente o comportamento dos números que ocorrem naturalmente.
“Os totais diários aumentam de maneira consistente demais para serem reais”.
Ele também encontrou outras anomalias suspeitas. Gaza desdobra os números para mostrar baixas de mulheres e crianças. Segundo Wyner, as variações nas baixas de crianças deveriam acompanhar as das mulheres.
Os totais deveriam variar consideravelmente a cada dia devido às variações nos ataques a edifícios residenciais e túneis, observou.
Nos dias em que muitas mulheres são mortas, também deveria haver muitas crianças entre as vítimas; e nos dias em que poucas mulheres são mortas, o número de crianças deveria ser menor, afirmou.
A análise estatística, no entanto, mostra quase o oposto, “o que não faz sentido” e é mais uma evidência “de que os números não são reais”, concluiu.
Os números do ministério sugerem que 70% das baixas são mulheres ou crianças.
“Esse total é muito maior do que os números relatados em conflitos anteriores com Israel”, observou Wyner.
Além disso, os dados sobre quantos dos mortos eram homens não se alinham com os 6.000 combatentes que o Hamas informou em 15 de fevereiro que pertenciam ao próprio grupo.
“Isto não é possível, a menos que Israel de alguma forma não esteja matando homens civis, ou que o Hamas esteja alegando que quase todos os homens em Gaza são combatentes do Hamas”, disse Wyner.
Fenton apontou outros problemas com os dados. O Ministério da Saúde de Gaza, disse ele, atribui a Israel mortes por causas naturais, pessoas mortas por foguetes lançados incorretamente pelo próprio Hamas ou por outros grupos terroristas, ou aquelas executadas pelo Hamas por, por exemplo, tentar cumprir os avisos de evacuação de Israel.
As cifras de mulheres e crianças são importantes, afirmou ele. Altas taxas de dano colateral — a relação entre mortes de civis e mortes de combatentes em bombardeios e outros ataques — são usadas para acusar Israel de genocídio.
Mas dos mais de 42.000 mortos agora reivindicados por Gaza, “é quase certo que entre 18.000 e 20.000 sejam agentes do Hamas”, afirmou Fenton.
Isso resultaria em uma taxa de dano colateral de 1,3 para um ou menor, o que seria uma conquista notável de Israel na limitação de mortes civis, segundo ele. As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmam que rotineiramente alertam civis para evacuarem áreas prestes a serem atingidas, muitas vezes sugerindo locais seguros para onde podem se refugiar.
Para comparação, quando os Estados Unidos e seus aliados combateram o ISIS no Iraque, em cidades como Fallujah e Mossul, a taxa de dano colateral foi de 5 para um ou até 10 para um, disse Fenton.
Ele também destacou que o ministério de saúde em Gaza relata o número de baixas com uma rapidez suspeita em meio à névoa da guerra.
“Eles sempre sabem em questão de segundos após qualquer ataque e fornecem números massivos. Eles ajustam os dados mais tarde, mas é o que acaba sendo reportado inicialmente”, afirmou.
“Eles dizem saber exatamente quantos morreram e quem são, com precisão de segundos. Mas quando se trata dos reféns [israelenses], não conseguem dizer quantos estão vivos ou mortos”.
Wyner concordou em seu artigo.
“A névoa da guerra é especialmente densa em Gaza, tornando impossível determinar rapidamente o número de mortes civis com precisão”, escreveu Wyner.
Os números podem ser ainda mais dramáticos, afirmou Fenton. Um dos principais repórteres de televisão de Israel, Ohad Hemo, é conhecido por suas fontes no mundo árabe, em Israel, nos territórios ocupados e no exterior, tanto entre líderes quanto nas ruas árabes.
Em uma entrevista recente, Hemo afirmou que suas fontes do Hamas na Turquia e no Catar lhe disseram que o grupo terrorista estimava que 80% das mortes relatadas eram de combatentes do Hamas ou de suas famílias.
“Acho que isso provavelmente está correto, sem dúvida”, disse Fenton.
Kobi Michael, pesquisador sênior do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel e ex-vice-diretor e chefe do departamento palestino no Ministério de Assuntos Estratégicos, disse ao Epoch Times que a má interpretação de um incidente de bombardeio em um hospital logo após o início da guerra foi um exemplo claro.
Logo após o começo do conflito, Israel foi acusado de bombardear o Hospital Al Ahli, na Cidade de Gaza, matando 500 pessoas, afirmou ele. Análises realizadas alguns dias depois, incluindo fotos de satélite analisadas pela inteligência francesa, sugeriram que o estacionamento, e não o hospital, foi atingido, por um foguete disparado por engano pela Jihad Islâmica Palestina, e que apenas 30 pessoas morreram, explicou.
“Mas continuam contando 500. Isso aparece nos dados fornecidos pelo Ministério da Saúde”, afirmou.
Em um incidente mais recente, em 19 de outubro de 2024, após um ataque das FDI a Jabaliya, “eles têm a habilidade e o talento de saber dois minutos após o ataque quantas pessoas foram mortas. Dois minutos depois, disseram que houve 80 mortes. Foi anunciado pelo Ministério da Saúde”, disse Michael.
“A fumaça dos projéteis ainda está lá, mas eles sabem exatamente quantas pessoas morreram. Esse é o talento único que possuem”.
Michael concordou com a avaliação de Fenton sobre a questão dos danos colaterais.
“Essas são algumas das menores taxas já registradas”, afirmou.
Embora a ONU reporte nove civis mortos para cada combatente do Hamas, “na realidade, a proporção é de 1,5 ou 1,7 para 1, bem menor do que em Fallujah ou Mosul. E sob as condições mais complicadas que você possa imaginar”, disse.
A coalizão que lutou contra o ISIS enfrentou um grupo menor, menos equipado, menos experiente e menos arraigado na sociedade civil do Iraque, ele explicou.
“Eles não tinham os túneis subterrâneos e a infraestrutura que o Hamas possui em Gaza ou o Hezbollah no sul do Líbano”, disse.
Hamas e Hezbollah estão “profundamente arraigados”, disse. “Eles usam a sociedade civil como escudo humano”.
Sua rede de túneis formidável, infraestrutura de terror, experiência militar, equipamento pesado e avançado, e capacidades tecnológicas e de inteligência os tornam adversários muito mais difíceis que o ISIS, ele afirmou.
Israel conseguiu eliminar quase completamente o Hamas em um ano e enfraquecer o Hezbollah, muito mais forte, e agora parece pronto para mudar o equilíbrio regional inteiro, disse Michael.
“Esse é um feito significativo e substancial. O dia chegará em que Israel será agradecido pelo que fez para salvar o futuro do mundo livre”, ele disse.