Por Paul Huang, Epoch Times
Décadas de uma abordagem conciliadora dos Estados Unidos em relação à China podem finalmente chegar ao fim, já que o presidente Donald Trump escolheu John Bolton para ser o próximo assessor de Segurança Nacional.
Com um único tweet em 22 de março, Trump demitiu H. R. McMaster e anunciou que Bolton assumirá o cargo mais poderoso na liderança da área de segurança nacional dos Estados Unidos em 9 de abril. A mudança foi esperada por muitos durante muito tempo e é a última de uma série de trocas de oficiais que o presidente norte-americano fez recentemente.
Na administração de George W. Bush, John Bolton foi vice-secretário de Estado para o Controle de Armas e Segurança Internacional (2001-2005) e embaixador dos Estados Unidos na ONU (2005-2006).
Tanto nos papéis oficiais como em sua carreira subsequente como personalidade da televisão e dos meios de comunicação, Bolton se destacou como uma das vozes fortes da política exterior americana ao defender sistematicamente respostas linha dura contra a hostilidade dos regimes estrangeiros, incluindo o Irã, a Rússia, a Síria, a Coreia do Norte e a China.
Uma nova era
É o enfoque linha dura de John Bolton para a China que poderá levar a uma mudança mais substancial na política e na estratégia exteriores dos Estados Unidos nos próximos anos, preveem analistas.
“Creio que, ao contrário de muitos analistas especializados em China [nos Estados Unidos], John Bolton reconhece muito claramente que nós estamos entrando em uma nova era em que o estilo reconciliador da diplomacia com a China da era Nixon-Carter morreu há muito tempo”, disse Arthur Waldron, professor de Relações Internacionais da Universidade da Pensilvânia.
“Bolton entende que existem diferenças irreconciliáveis de estrutura entre os Estados Unidos e a China, isto é, a menos que a China experimente mudanças fundamentais,” disse Waldron, “ficará mais forte e não terá medo de ameaças de guerra.”
Bolton também é reconhecido por seu forte apoio a Taiwan, país que visita com frequência. Ele repetidamente tem pedido aos responsáveis pela tomada de decisões nos Estados Unidos para que retomem formalmente relações diplomáticas com a nação taiwanesa, uma posição que poucos especialistas consolidados da China adotam.
“A negociação [diplomática] não deve significar que Washington dá e Pequim recebe. Precisamos de prioridades estratégicas coerentes que reflitam não 1972, mas 2017, que englobem mais do que a política comercial e monetária, e que incluam especificamente Taiwan. Vamos ver como reage uma China cada vez mais beligerante”, escreveu Bolton no The Wal Street Journal em janeiro de 2014.
June Teufel Dreyer, professora de Ciências Políticas na Universidade de Miami, salientou que espera que Bolton faça bom uso da recém promulgada Lei de Viagens de Taiwan para incentivar a troca de funcionários de altos cargos entre Taiwan e os Estados Unidos.
A aprovação da Lei de Viagens de Taiwan foi duramente criticada por oficiais do regime chinês e pelos meios de comunicação estatais chineses, que afirmaram que a lei viola o “Princípio de Uma Só China,” a qual os Estados Unidos chamam de “Política de uma Só China” e interpretam de uma forma diferente. Entretanto, Bolton declarou em inúmeras ocasiões que a política é inerentemente ambígua e que os Estados Unidos devem fortalecer sua aliança com Taiwan independentemente dos protestos de Pequim.
Dreyer também disse que, como novo assessor de Segurança Nacional, Bolton provavelmente impulsionará as operações com maior liberdade de navegação, mais regulares e de alto perfil no Mar do Sul da China, o que vai desafiar diretamente a agressiva construção de Ilhas e as reivindicações de soberania de Pequim sobre a área em disputa.
Muitas mudanças
John Bolton se une a uma equipe de segurança nacional do presidente Trump que sofreu recentemente uma série de mudanças de funcionários de alto escalão, o que pode indicar uma clara mudança para uma resposta mais linha dura dos Estados Unidos à China e seu fortalecimento militar.
O secretário de Estado Rex Tillerson foi demitido recentemente e em breve será substituído pelo atual chefe da CIA, Mike Pompeo, ex-congressista que também é reconhecido por sua postura firme contra a hostilidade da China.
O principal assessor comercial de Trump, Peter Navarro, conhecido por abraçar uma postura linha dura das relações EUA-China na área do comércio e outros assuntos, também terá uma maior influência sobre a administração após a saída de Gary Cohn , outro importante assessor econômico que era a favor de uma abordagem mais conciliadora com os chineses.
A nova estratégia de Segurança Nacional da Casa Branca, divulgada em dezembro passado, que classificou a China como rival estratégico, também ressoa com a abordagem linha dura de John Bolton.