Novas medidas do regime de Ortega deixam Nicarágua à beira da desindustrialização

Ministério das Minas e Energia da Nicarágua adverte que o país sofrerá constantes apagões a partir de 2022, devido à falta de investimentos atuais em usinas geradoras

05/07/2019 18:09 Atualizado: 05/07/2019 18:09

Por Voice of America

Empresários das indústrias nicaraguenses advertiram na quinta-feira que o setor enfrenta um dos seus piores momentos, porque as medidas econômicas do governo para enfrentar a crise sócio-política estão sufocando o setor e deixando o país à beira da desindustrialização.

O presidente da Câmara de Indústrias da Nicarágua, Sergio Maltez, disse: “estamos indo para trás, o que significa que estamos deixando de ser produtores e estamos nos tornando um país distribuidor, tudo o que é a própria indústria, porque estamos taxando tudo o que é importação de matéria-prima, então, é mais barato para muitas das empresas em vez de produzir localmente, importá-lo de fora, e isso é muito sério”.

Maltez alertou que o setor não suporta maiores aumentos em suas contribuições para o Estado, que causaram um desemprego na indústria superior a 35%.

Entre as medidas que o Estado adotou e que colocaram o setor à beira do desaparecimento estão uma reforma fiscal, uma reforma no seguro social e o aumento desproporcional nos preços da energia elétrica.

Presidente da Câmara das Indústrias da Nicarágua, Sérgio Maltez, alertou que o setor não resiste a maiores aumentos em suas contribuições para o Estado (VOA)
Presidente da Câmara das Indústrias da Nicarágua, Sérgio Maltez, alertou que o setor não resiste a maiores aumentos em suas contribuições para o Estado (VOA)

Lucy Valenti, presidente da Câmara Nacional de Turismo da Nicarágua, disse que todos esses fatores representam um duro golpe à economia do país.

“Se esse grave problema não for resolvido, pode significar o desemprego para muitas famílias nicaraguenses e levar a economia do país a um caminho sem volta”, disse a empresária.

A Nicarágua é o país da região da América Central com o serviço de eletricidade mais caro, revelaram os empresários, o que também coloca em risco o setor de pequenas e médias empresas. O PYMES exigiu que o Estado reformasse a lista tarifária de energia, já que o custo da eletricidade é insustentável, pois representa entre 30 e 40% dos custos operacionais do setor.

Por sua vez, o Conselho Superior de Empresas Privadas (COSEP) apontou as seis consequências negativas da reforma tributária, que provocou, por exemplo, uma estagnação do setor à medida que os produtos se tornam mais caros, diminuição do consumo da população e menor produção, afetando a oferta de emprego.

Enquanto isso, o novo Plano de Expansão da Geração de Energia do Ministério de Energia e Minas da Nicarágua adverte que o país sofrerá constantes apagões a partir de 2022, devido à falta de investimentos atuais em usinas geradoras, o que cria outra preocupação para o setor empresarial que não foi levado em conta para o processo de revisão da reforma da Lei de Coalizão Fiscal que está sendo realizada no Ministério da Fazenda e Crédito Público.