Por Daniel Y. Teng
Nova Zelândia (NZ) enviará tropas e policiais para ajudar as forças da Austrália, de Papua Nova Guiné e de Fiji no terreno das Ilhas Salomão, onde tumultos deixaram três pessoas mortas e vários edifícios incendiados.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, afirmou que o governo está “profundamente preocupado” com a agitação civil na capital das Ilhas Salomão, Honiara, e concordou em enviar suas forças após um pedido do primeiro-ministro, Manasseh Sogavare.
“Cada intervenção apresenta seus riscos e desafios, mas nosso pessoal possui vasta experiência na região do Pacífico e está entre os mais qualificados quando se trata de mitigar conflitos”, afirmou Ardern em um comunicado do dia 1º de dezembro.
Peeni Henare afirma que, primeiramente, uma equipe de avaliação seria implantada, com cerca de 15 indivíduos, seguida por um grupo maior de 50 policiais da Força de Defesa da Nova Zelândia no fim de semana.
“O pessoal da Força de Defesa da Nova Zelândia apoiará a Força Policial Real das Ilhas Salomão (RSIPF) na manutenção da estabilidade, engajamento com as comunidades e garantia de segurança pública”, declarou ele.
Nanaia Mahuta, ministra das Relações Exteriores da Nova Zelândia, afirma que o governo continuará monitorando a situação na nação do Pacífico.
Os esforços de organização estão em andamento em Honiara, após a agitação civil desde 24 de novembro, que presenciou manifestantes se engajando em saques e provocando incêndios no distrito de Chinatown da cidade.
Os manifestantes também lançaram ataques incendiários ao parlamento do país e à residência do primeiro-ministro.
A polícia foi forçada a disparar gás lacrimogêneo e tiros de advertência para afastar os manifestantes.
No entanto, três corpos carbonizados foram recuperados posteriormente em uma loja em Chinatown.
O governo australiano foi o primeiro a enviar policiais e soldados para a ilha após um pedido de intervenção do primeiro-ministro das Ilhas Salomão.
A violência decorre de vários problemas relacionados à insatisfação de longa data com a liderança das Ilhas Salomão, com líderes da província de Guadalcanal, onde a capital está localizada, sendo críticos ao primeiro-ministro e sua forma de lidar com a corrupção e prestação de serviços.
Além disso, os habitantes locais também estão frustrados com a falta de empregos ofertados por algumas empresas chinesas da região.
No entanto, a questão que mais ganhou as manchetes é a disputa entre o governo nacional, o gabinete de Sogavare e o líder da província mais populosa das Ilhas Salomão, Malaita.
Em setembro de 2019, as Ilhas Salomão retiraram o reconhecimento diplomático de Taiwan, em favor da República Popular da China (RPC).
Daniel Suidani, primeiro-ministro de Malaita, recusou-se veementemente a seguir o exemplo de seu homólogo federal. Em vez disso, ele manteve laços com líderes taiwaneses – para grande desgosto de Sogavare.
Em junho, Suidani até visitou Taiwan para realizar uma cirurgia cerebral. Isso ocorreu em meio à pressão contínua de Sogavare para que ele abandonasse sua aliança com a ilha.
O apoio da Austrália para manter a ordem em nome de Sogavare foi criticado por Grant Newsham, oficial aposentado da marinha dos EUA e ex-diplomata na região da Ásia-Pacífico.
Ele escreveu ao Epoch Times que era irônico que a Austrália, que está “travada em uma desagradável luta econômica e política com a China, esteja enviando tropas para apoiar Sogavare, pessoa que os chineses supostamente têm em seus bolsos”.
“E Canberra o está apoiando contra cidadãos que querem que ele renuncie e que a influência chinesa seja eliminada”, acrescentou.
Um ponto que não passou despercebido aos líderes de Malaita.
Celsus Talifilu, um conselheiro do governo, afirmou à Reuters, por telefone, que a presença da Austrália dá um “forte impulso moral” ao primeiro-ministro Sogavare.
“Os malaitanos ficaram surpresos; somos os últimos defendendo a democracia nas Ilhas Salomão. Estávamos pensando que a Austrália perceberia nossa posição”, declarou.
O primeiro-ministro, Scott Morrison, afirmou que a Austrália não irá “interferir em sua democracia”.
“Não cabe a nós interferir na maneira como eles resolvem esses problemas. Estamos simplesmente lá como um bom membro da família, para tentar fornecer um ambiente estável e seguro para que as questões existentes nas Ilhas Salomão sejam resolvidas pacificamente”, afirmou Morrison a repórteres no dia 28 de novembro.
Sob o Acordo de Segurança Bilateral de 2017, assinado entre a Austrália e as Ilhas Salomão, as autoridades australianas podem ser chamadas para fornecer proteção e segurança no apoio à força policial das Ilhas Salomão.
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