O vencedor do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus tomou posse como novo chefe do governo interino de Bangladesh nesta quinta-feira (08), em Daca, encerrando um período de quatro dias de vácuo de poder depois que a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina renunciou e fugiu do país na última segunda-feira.
O economista, de 84 anos, será encarregado de liderar um governo interino com 16 assessores que comandarão o país asiático, imerso em uma grave crise econômica e social, agravada após os protestos iniciados em 1º de julho, nos quais mais de 400 pessoas morreram, segundo constatou a Agência EFE.
No momento, apenas 13 dos nomes que acompanharão Yunus no gabinete interino assumiram seus cargos, entre eles os líderes estudantis Nahid Islam e Asif Mahmud, dois dos principais líderes do Movimento Estudantil Contra a Discriminação.
Enquanto isso, o diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental, Bidhan Ranjan Roy, o veterano da guerra de libertação de Bangladesh, Farooq-e-Azam, e outros integrantes do Executivo não puderam tomar posse por estarem fora do país.
O ex-governador do Banco de Bangladesh, Salahuddin Ahmed, o professor de Direito da Universidade de Daca, Asif Nazrul, a colega de Yunus no banco de microcrédito Grameen, Nurjahan Begum, o ativista de direitos humanos Adilur Rahman Khan e o ex-secretário das Relações Exteriores Touhid Hossain estão entre os nomes que completam o diversificado governo provisório.
A advogada especializada em assuntos ambientais Syeda Rizwana Hasan, o líder islâmico Khalid Hasan, a diretora da organização sem fins lucrativos Brotee, Sharmeen Murshid, e a ensaísta Farida Akhter também estarão presentes.
Yunus já expressou seu interesse em que o governo interino seja um trampolim entre a “era Sheikh Hasina”, no poder continuamente desde 2009 até segunda-feira, e o momento de um novo governo que possa surgir das urnas.
Uma nova eleição geral em Bangladesh ainda não foi confirmada, mas o presidente, Mohammed Shahabuddin, anunciou na terça-feira que o Parlamento eleito em janeiro será dissolvido.
Mirza Fakhrul, secretário-geral da principal força política de oposição à Liga Awani, de Hasina, o Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP), foi o primeiro líder político nacional a parabenizar Yunus. Nas ruas e lojas de Daca, a posse de Yunus foi assistida com grande expectativa pela televisão.
Com a chegada de Yunus, Bangladesh inicia um novo período em sua curta e recente história política – o país se tornou independente do Paquistão em 1971 – e põe fim ao período de reviravoltas entre a Liga Awani e o BNP, liderado por Khaleda Zia.
A ex-primeira-ministra Hasina está em Nova Délhi desde segunda-feira, aguardando esclarecimentos sobre seu próximo destino, provavelmente longe da linha de frente da política de seu país.