Nicaraguenses expulsos se mostram “empenhados” a combater Ortega

Por Agência de Notícias
10/02/2023 18:48 Atualizado: 10/02/2023 18:48

Os presos políticos libertos e que foram expulsos da Nicarágua para os Estados Unidos pelo regime de Daniel Ortega, disseram nesta sexta-feira que, apesar das dificuldades de terem passado meses na prisão em situações subumanas, partem com mais vontade de lutar pela democracia no país natal.

“Fomos vítimas de injustiça, não cometemos absolutamente nenhum crime e vimos esta farsa de um sistema político. Estamos mais empenhados em uma mudança rumo à institucionalidade e ao respeito pelos direitos humanos”, disse o ex-pré-candidato presidencial nicaraguense Juan Sebastián Chamorro em entrevista coletiva virtual.

Chamorro explicou que embora tenham conversado muito pouco desde que saíram da prisão, pouco mais de um dia, acredita “que há um sentimento da parte daqueles que foram presos para continuar esta luta”.

“Há um senso de comunidade entre todos nós, um sentido de dever e responsabilidade e um compromisso para toda a vida para que a Nicarágua não volte a sofrer estes abusos. Essa é a atmosfera mais geral (do grupo)”, acrescentou.

Chamorro é um dos 222 prisioneiros políticos que as autoridades nicaraguenses expulsaram para os Estados Unidos na quinta-feira, incluindo sete que tentaram concorrer à presidência.

Na coletiva virtual, Chamorro foi acompanhado por outro pré-candidato, Felix Maradiaga, que disse estar de acordo.

“Não descansaremos em momento algum até vermos uma Nicarágua que tenha justiça e liberdade”, enfatizou.

Os dois foram presos em 8 de junho de 2021, no meio da noite, sem mandado e sem uma única prova, e passaram 606 dias na temida prisão de El Chipote, onde, segundo organizações e vítimas, há constantes violações dos direitos humanos.

Nenhum deles quis entrar em detalhes sobre o que passaram na prisão, mas Maradiaga resumiu que “nenhum ser humano deveria estar naquelas situações”.

“Por ter vivido aquilo, estou mais empenhado do que nunca”, acrescentou, acompanhado pela esposa, a ativista Berta Valle.

Maradiaga e Chamorro são dois dos poucos prisioneiros libertos dispostos a falar por agora, uma vez que a maioria deles está em vias de se adaptar às novas vidas. Muitos estão passando a noite em um hotel que o governo dos EUA ofereceu durante alguns dias.

Entre para nosso canal do Telegram

Assista também: