Por Aldgra Fredly
O governo da Nicarágua anunciou na quinta-feira que encerrou suas “relações diplomáticas” com Taiwan e deixou de ter “qualquer contato ou relação oficial”, declarando reconhecer que “só existe uma única China” no mundo.
“A República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China e Taiwan é uma parte inalienável do território chinês”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Denis Moncada Colindres, em um comunicado.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan declarou que “lamenta profundamente” a decisão da Nicarágua de “desconsiderar a longa e estreita amizade” entre as duas nações e que suas relações diplomáticas serão encerradas “imediatamente”.
Taiwan também deve suspender todos os projetos de cooperação bilateral e programas de ajuda, assim como retirar funcionários de sua embaixada e em missão técnica na Nicarágua.
“Como membro responsável da comunidade internacional, Taiwan tem o direito de realizar intercâmbios e desenvolver relações diplomáticas com outras nações”, declarou o ministério em um comunicado.
Também afirmou que Taiwan continuará a promover “diplomacia inabalável” para expandir sua participação internacional e que “não poupará esforços” para assegurar seu legítimo status na comunidade internacional.
Taiwan é um país autônomo desde 1949, embora Pequim considere a ilha democraticamente governada como parte de seu território e tenha ameaçado colocar a ilha sob seu controle pela força, se necessário. A China aumentou os voos militares perto de Taiwan, enviando mais de 200 aeronaves para a zona de identificação da defesa aérea de Taiwan em outubro.
O rompimento da Nicarágua com Taiwan é um golpe para os Estados Unidos. Seguindo os meses de piora entre as relações do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega e Washington, e ocorreu no dia em que o Departamento de Estado dos EUA anunciou que impôs sanções a Nestor Moncada Lau, assessor de segurança nacional de Ortega, alegando que ele opera um esquema de fraude alfandegária e de importação para enriquecer membros do governo de Ortega.
O Departamento de Estado dos EUA afirmou que a decisão de Ortega de romper as relações com Taiwan não refletia “a vontade do povo da Nicarágua” devido ao fato da recente eleição do país ser uma “farsa”, com eleições injustas.
“Sem o mandato que acompanha uma eleição livre e justa, as ações de Ortega não podem refletir a vontade do povo nicaraguense, que continua lutando pela democracia e pela capacidade de exercer seus direitos humanos e liberdades fundamentais”, afirmou o departamento em um comunicado.
“Encorajamos todos os países que valorizam as instituições democráticas, a transparência, o estado de direito e a promoção da prosperidade econômica para seus cidadãos a expandir seu envolvimento com Taiwan”, acrescentou o Departamento de Estado.
No mês passado, os Estados Unidos impuseram sanções contra o Ministério Público da Nicarágua e nove funcionários do governo da Nicarágua, após relatos de potenciais candidatos presidenciais da oposição e dissidentes serem detidos meses antes das eleições na Nicarágua.
A deputada dos EUA, Lisa McClain (Republicana de Michigan), em uma postagem no Twitter, pediu aos Estados Unidos para “permanecerem firmes” com Taiwan, descrevendo a decisão da Nicarágua de romper as relações diplomáticas com Taiwan como “incrivelmente preocupante”.
O deputado Ken Buck (Republicano do Colorado) também expressou seu apoio a Taiwan e acusou Pequim de “realizar uma campanha agressiva” para minar Taiwan.
“O governo chinês está fazendo uma campanha agressiva para minar o direito dos taiwaneses à autodeterminação. Eu continuo apoiando Taiwan e me opondo às campanhas de influência do PCC [Partido Comunista Chinês]”, afirmou Buck no Twitter.
O deputado Tom Tiffany (Republicano do Wisconsin) declarou no Twitter que a decisão de Ortega de romper os laços com Taiwan “só vai piorar a vida do povo da Nicarágua”, conclamando o presidente Joe Biden a “liderar pelo exemplo e reconhecer Taiwan”.
A ação da Nicarágua deixa Taiwan com apenas 14 aliados diplomáticos formais, a maioria deles na América Latina e no Caribe, além de um punhado de pequenos estados, incluindo o Vaticano. Antes da Nicarágua, Taiwan perdeu dois aliados em rápida sucessão em setembro de 2019, quando as Ilhas Salomão e Kiribati voltaram-se para a posição de Pequim.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.
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