A vice-líder da Nicarágua, Rosario Murillo, disse nesta terça-feira que uma delegação da China está no país para debater a etapa final do Tratado de Livre Comércio (TLC) negociado entre os dois países, que deve ser concluído em agosto.
“A visita que estamos recebendo é uma grande delegação do Ministério da Indústria e Comércio da República Popular da China”, disse Murillo, esposa do ditador do país, Daniel Ortega, nos canais oficiais do regime.
“Estamos trabalhando na etapa final do Tratado de Livre Comércio entre a República Popular da China e nossa Nicarágua, fortalecendo nosso potencial de intercâmbio econômico e comercial”, acrescentou.
A delegação chinesa, chefiada pelo vice-ministro da Indústria e Comércio, Wang Shouwen, é composta por “mais de 20 especialistas”, de acordo com Murillo.
“Isso é criar o futuro, isso é trabalhar para um mundo de solidariedade e cooperação respeitosa, trabalhando para o bem comum”, afirmou ela.
Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIFIC) nicaraguense, Jesús Bermudez, o TLC será concluído em agosto e entrará em vigor em janeiro de 2024, após a ratificação pelos Congressos dos dois países.
O regime nicaraguense disse que o texto do acordo comercial está 90% concluído e terá 22 capítulos.
Uma vez finalizado esse texto, as partes passarão para a etapa de ratificação, com notas diplomáticas e o anúncio de sua entrada em vigor.
Desde 1º de maio, a Nicarágua pode exportar produtos como carne bovina, frutos do mar e têxteis para a China sem tarifas, de acordo com um acordo assinado pelos dois países em julho de 2022.
O chamado “Acordo de Colheita Antecipada” é considerado o prelúdio para o estabelecimento de um TLC.
Por meio do tratado, 66 produtos nicaraguenses poderão entrar no mercado chinês com isenção de tarifas, e 78 produtos chineses entrarão no mercado nicaraguense sob as mesmas condições.
A Nicarágua restabeleceu relações com a China em dezembro de 2021, imediatamente após romper com Taiwan, que na época era um de seus melhores parceiros econômicos e um de seus principais cooperadores. A retomada dos laços diplomáticos se refletiu no comércio bilateral, que totalizou US$ 759 milhões em 2022, com as exportações nicaraguenses para a China crescendo 43,7% no último ano.
Os regimes do Partido Comunista Chinês (PCCh) e sandinista são aliados multilaterais e compartilham a questão ideológica – ambos são comunistas – a ditadura de Ortega, assim como praticamente toda a América Latina tem contribuído para o fortalecimento do poder e da influência do PCCh na geopolítica global. Nas duas últimas décadas, Chile, Brasil, Argentina, Peru e Venezuela tornaram a China seu principal parceiro comercial, com todos os demais integrantes da região estabelecendo parcerias comerciais importantes.
Nas convergências ideológicas de esquerda como no caso da Nicarágua, Venezuela, Cuba e Argentina as cooperações no âmbito militar são notórias, a recente descoberta de uma base de espionagem chinesa em Cuba e a suposta base espacial na Patagônia são exemplos da infiltração do PCCh na América Latina.
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